“Podemos sentir-nos mais jovens aos quarenta do que aos vinte.”

A marca italiana OVS abre hoje, dia 26 de maio, a sua segunda loja em Portugal. Depois do Almada Fórum é a altura do Fórum Sintra receber esta gigante italiana, num espaço com 700m2 e oferta para mulher, homem, criança e produtos de beleza. Para comemorar a abertura toda a coleção terá 20% de desconto até domingo, dia 28 de maio. O Delas.pt quis saber mais sobre esta marca que há muito conquistou as mulheres italianas e para isso esteve à conversa com a diretora criativa da marca, Caterina Salvador.

Como é que define a OVS enquanto marca?

A OVS é muito transversal, mas a grande mensagem que a marca quer passar é dirigida às mulheres jovens que podem ser muito jovens já com a suas famílias formadas ou mulheres solteiras com a sua carreira e independentes.

Uma mulher pode começar a usar OVS com dez anos e usar a marca até aos quarenta, como é que se consegue criar esta relação duradoura com as clientes?

Criando vários segmentos da marca. Na verdade, começámos recentemente a linha de maternidade, exatamente para podermos acompanhar as nossas clientes em todas as fases da sua vida. Isto é difícil de fazer. Mas queremos que a OVS seja um destino com escolha para todos, não apenas por causa dos preços. Quando uma família tem tempo livre e todos os seus membros estão juntos pode ser ótimo ir todos ao mesmo sítio e encontrarem oferta para toda a família. Acho que essa é uma maneira muito inteligente abordar a forma de comprar.

Na linha de maternidade quais são os detalhes que tem de ter em atenção?

O mais importante é ter os básicos que as grávidas precisam, mas também queremos dar a mesma oferta que temos na coleção, com a mesma inspiração, mas adaptadas às formas que precisam. Porque é uma altura em que as necessidades são mais específicas mas em que as mulheres não têm de estar fora das tendências.

A inspiração para esta linha é a mesma usada para a coleção principal?

Sim e essa é uma regra que eu sigo para todos os segmentos, até para linha Curvy, porque tudo tem de estar ligado.

O que muda na forma de vestir de uma mulher aos vinte e depois aos quarenta?

Para dizer a verdade, acho que a definição de idades é muito difícil e às vezes não faz qualquer sentido. Muitas vezes a definição da idade das mulheres não tem a ver com a data de nascimento – às vezes podemos sentir-nos mais jovens aos quarenta do que quando tínhamos vinte. Claro que o nosso corpo muda com idade, mas isso não faz com que tenhamos de nos categorizar num intervalo de idades. Por exemplo, quando se é novo usam-se mais peças sem mangas e com a idade a tendência é cobrir mais os braços, mas o estilo pode ser o mesmo. Creio que é o corpo que define o que se veste e não propriamente a idade.

Trabalhou para a Armani, a Dolce & Gabbana e a Calvin Klein e está numa marca de grande consumo, qual é grande diferença no processo de design?

Quando trabalhamos para uma marca de luxo, temos o nome do dono, temos um peso histórico da casa de moda, e de alguma forma estamos ligados a um tipo específico de cliente e temos de corresponder à herança que o nome carrega. Quando se trabalha para uma marca como a OVS podemos ser mais livres e corresponder a muitos estilos diferentes. Por exemplo, a herança da Armani é muito masculina, a Dolce & Gabanna muito sensual e feminina, quando não temos o peso destes nomes podemos variar e ser as duas coisas, não estamos dentro de uma caixa. Não é fácil mas eu acho mais divertido.

Como é que se cria uma identidade forte numa marca que pretende agradar a vários tipos de mulher?

Criamos uma identidade através da maneira como interpretamos as tendências. Tudo está relacionado com a forma como a OVS apresenta as tendências, não se trata de copiar alguém. Podemos fazer muitas vezes um estilo mas sempre de formas diferentes. Temos de adotar as tendências ao momento que vivemos.

Esta estação qual é a tendência que mais se usa?

Definitivamente estamos a voltar ao masculino, com os casacos, padrões ingleses. As mulheres estão voltar a este look mas misturam-no com peças mais leves como calças de mousseline, que cria uma silhueta diferente. É também a altura de voltar também às malhas, algo que nos aqueça mas que seja confortável.

Prefere desenhar para o inverno ou para o verão?

Adoro desenhar vestuário de abrigo, como casacos, por isso talvez prefira o inverno porque posso desenhar mais peças desta categoria. Na verdade penso que sou melhor a fazer inverno, mas não sei porquê as coleções que resultam melhor como um todo são as de primavera.

Porque é que as colaborações são tão importantes para a moda neste momento?

Esta necessidade de fazer muitas colaborações, em todos os segmentos da moda, é um pouco exagerada, porque todos estão a tentar captar o interesse do público. A facilidade de comunicação online talvez seja demasiado grande e isso faz com que seja muito difícil manter o público interessado. O mais apelativo das colaborações é partilhar com outras marcas o nosso conhecimento, nessa perspetiva é muito bom porque aprendemos muito, mas é preciso ter muito cuidado para não fazer demasiadas colaborações, porque no meio de muitas parcerias é mais fácil perder a identidade da marca. Por isso quando fazemos este tipo de projetos, fazemos sempre algo muito especifico e muito ligado a produtos concretos.

Crê que esta tendência para fazer colaborações e a implementação do novo sistema de moda, é uma forma das marcas de luxo evitarem as cópias, ou é uma forma de se aproximarem do sistema usado pelo mass market para aumentarem as vendas?Sinceramente, acho que as marcas de luxo não precisam de o fazer, porque a escolha acaba por ser dos clientes. As marcas de grande consumo, quando fazem uma cópia é apenas isso que têm para oferecer: uma cópia, não têm um original. Mas isto não é algo que tenha na cabeça porque na OVS porque não queremos fazer cópias.

E é possível não copiar?

Sim, sem dúvida. Claro que podemos ir buscar inspiração a outras marcas, mas isso é o que toda a gente faz. E é incrível ser inspirado pelas grandes marcas da moda, mas temos de as respeitar e não podemos copiar o trabalho que fazem.

Como é que se define a linha entre a inspiração e a cópia?

Deixe-me dar um exemplo: A tendência Rock está em todo o lado, mas é possível fazê-la à nossa maneira sem fazer copias exatas do que já foi feito. Não se trata de copiar a inspiração ou o espírito de uma coleção especifica trata-se dar às pessoas o que procuram. Acho que o limite está muito na esfera da ética e cabe a cada designer perceber onde ela se desenha.

A sua experiência de trabalho em marcas de luxo dá-lhe uma maior clareza para ver essa linha?

Sem dúvida, porque respeito muito o trabalho que fazem e o seu legado. Mas há peças que nos vão sempre lembrar um criador independentemente de serem uma cópia ou não. Um bom exemplo é o padrão leopardo que foi feito em primeiro lugar pela Yves Saint Laurent, depois a Cavalli começou a usar muito este estampado e hoje em dia todas as marcas de luxo ou não, usam o padrão leopardo, não é propriedade de ninguém. Quando olhamos para o passado como inspiração, temos de lhe dar algo novo para que se torne no futuro. Não é fácil mas temos de fazer o nosso melhor para fazer as coisas de forma diferente.

Mas há peças que são de facto muito similares às apresentadas em passerelle?

Claro! A algumas peças que algumas marcas fazem são de facto cópias, mas isso não significa que todas as marcas de mass market façam cópias.


Veja também a entrevista com a fadista Ana Moura.