Mães dão a vida pelos filhos e a ciência explica porquê

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É a oxcitocina – a conhecida hormona do amor e do prazer – que faz com que mães protejam instintivamente os filhos em caso de perigo e que as leva a arriscar a vida para proteger a descendência. Essa é a conclusão prévia a que chegou Marta Moita e a sua equipa de investigadores que, no Centro Champalimaud, expuseram ratas de laboratório com crias ao perigo.

Numa fase inicial do estudo, as ratas foram ensinadas a associar um cheiro mentolado a um choque elétrico de baixa intensidade, que a equipa considera inofensivo. Na ausência de crias as ratas expostas ao cheiro mentolado adotavam a postura de fuga ou de paralisação, na tentativa de se defenderem. Mas, quando as ratas estavam junto das suas crias a atitude face ao choque elétrico em potência mudava: os animais tentavam tapar o tubo por onde era expelido o odor a menta ou cobriam os filhos para que estes não recebessem o choque.

Da observação química dos cérebros dos animais, foi possível identificar um aumento dos níveis de oxcitocina presente na amígdala dos cérebros das fêmeas que protegiam os filhos. Quando a produção desta hormona foi inibida no cérebro das cobaias, elas, mesmo estando na presença dos bebés, tiveram todas a mesma reação de fuga ou paralisação.

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O novo estudo fornece um quadro experimental “para estudar quais são os sinais que as crias transmitem à mãe e que levam, em caso de perigo, à libertação de oxitocina” na amígdala da mãe, desencadeando a estratégia de defesa da descendência, diz Marta Moita. “Nós sabemos que a comunicação química é muito importante, mas ainda não sabemos quais são os estímulos sensoriais que ativam a oxitocina”, acrescenta.

Fica por agora explicada a razão química que leva as fêmeas a proteger os seus filhos e Marta Moita extrapola estes resultados para o comportamento humano. Existe “uma forte probabilidade de mecanismos semelhantes também estar em jogo em nós”, conclui a cientista.