Passageiros de metro obrigados a sentir a desigualdade no mundo do trabalho

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Quantas escadarias – ao lado de escadas rolantes – tem o metro de Lisboa para poder reproduzir a desigualdade salarial e as dificuldades de acesso aos cargos de chefia que as mulheres sentem na pele? E, já agora, quantos lanços seriam precisos para retratar a situação que se vive em Portugal e no mundo?

Olhando para os dados do Fórum Económico Mundial, divulgado em outubro de 2016, e que concluiu que a igualdade de género em termos económicos só deverá ser atingida dentro de 170 anos, seriam precisas muitas dezenas de escadas. Curiosamente, seriam necessários mais degraus em 2016 do que em 2015, uma vez que os dados do ano passado vieram demonstrar um recuo colossal face ao que lhe antecedeu, período em que se estimava um equilíbrio em 118 anos.

Mas não! Esta obra não está em Lisboa. A instalação foi apresentada no metro de Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, intitulada Subir a Desigualdade – O caminho para o topo não é o mesmo para homens e mulheres, quer representar metaforicamente a forma como os homens acabam por estar beneficiados, chegando às lideranças mais depressa, mais cedo e de forma mais facilitada e com menor esforço, ou seja, pelas escadas rolantes.

“No mundo dos negócios, as mulheres não só são mais mal pagas quando comparadas com os homens, mas têm também de trabalhar mais para deixarem a sua marca”, justifica o diretor de arte e designer gráfico nipónico que concebeu este trabalho, Kazunori Shiina.

Kazunori Shiina [Fotografia: www.kazunorishiina.com]

Por isso, este publicitário – que trabalhou com empresas como Volvo, Blue Moon, Godiva, Sato Pharmaceutical, Tommy, Moët & Chandon, Puma e Nikon-Essilor – considerou que o melhor era “criar uma metáfora tangível com impacto para demonstrar como essa desigualdade se manifesta”. Justificações que Kazunori deu no seu site e para a apresentação da obra.

De volta a Portugal, recorde-se que há iniciativas que pretendem minorar as diferenças, como é o caso do setor do calçado, que assinou um acordo para o pagamento igual de salários e que já estará em vigor.


Recorde o que afirmou Joana Rabaça Gíria. presidente da Comisão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego


Também a Assembleia da República aprovou recentemente um diploma em que vem exigir paridade nos órgãos de administração e fiscalização das empresas cotadas em bolsa e no setor público, prometendo alargar percentagens e setores em breve. O governo apresentou uma proposta que pretende implementar a igualdade salarial entre homens e mulheres – trazendo o exemplo alemão até ao enquadramento legal português – mas só prevê numa primeira fase que tal se aplique a mil empresas, as maiores.

Imagem de destaque: www.kazunorishiina.com