Polémica: Modelo transgénero faz comentário racista? A internet está dividida

MunroeBergdorf

Munroe Bergdorf. É este o nome da modelo transgénero que está a causar polémica nas redes sociais. Em menos de uma semana, Munroe foi contratada pela L’Oréal Paris, para integrar numa campanha que pretende promover a diversidade, e dispensada devido a comentários racistas que publicou nas redes sociais.

Honestamente, não tenho energia para falar sobre a violência racial dos brancos. Sim TODOS os brancos” foi a afirmação-gatilho publicada, em agosto, na página de Facebook de Munroe Bergford que deu origem a toda a polémica que anda a percorrer as redes sociais. Contratada pela L’Oréal para celebrar a diversidade, a modelo era um dos cinco rostos da campanha “Yours Truly True Match”.

Sim, era. Já não é. E ainda antes da marca de cosméticos tomar uma posição, já a internet se encontrava ao rubro com comentários que mostravam desagrado. No Twitter é ainda possível encontrar comentários como: “@LorealParisUSA Escolheram este animal para representar a vossa marca? Horrível e racista” e “Não consigo imaginar que você continuará a ser porta-voz depois do seu discurso racista no Facebook”.

Houve até quem ameaçasse deixar de usar os produtos da marca, promovendo um boicote: “@Loreal nunca mais vou comprar a sua porcaria novamente” e “@LorealUSA de acordo com o vosso novo modelo transgénero All #WhitePeople são racistas, acho que está na hora de criar uma etiqueta #BoycottLOreal”.

O comentário de Munroe acabou por desaparecer da rede social, mas a marca francesa optou por rescindir contrato com a modelo , justificando o fim da colaboração com um post no Twitter: “A L’Oréal defende a diversidade. Os comentários de Munroe Bergdorf estão em desacordo com os nossos valores e, por isso, decidimos terminar a nossa parceria com ela”, pode ler-se na conta oficial da L’Oréal Paris UK.

Post feito pela L’Oréal Paris UK na sua página oficial do Twitter

 

Perante esta decisão, a modelo voltou a falar do assunto recorrendo, mais uma vez, às redes sociais, onde afirmou: “Acabo de saber que me tiraram. Vocês só estão a provar que tudo o que disse é verdade”.

A justificação

Num post que ainda se encontra na página de Facebook de Munroe, é possível encontrar a explicação para o comentário inicial que deu origem a toda esta polémica. Entre outras explicações, a modelo adianta que: “Este ‘Desabafo’ foi uma resposta direta à violência de supremacia branca em Charlottesville. (…) identificar que o sucesso do império britânico se deu à custa do povo de cor, não é algo que deva ofender ninguém. É um facto. Aconteceu. (…) a raça e o tom de pele de uma pessoa têm um papel importante a desempenhar na forma como são tratados pela sociedade como um todo, com base na sua aproximação à brancura.”

Nesse mesmo post, Munroe Bergford refere-se ainda à L’Oréal, como se a marca se estivesse a contradizer: “quando uma mulher transexual de cor, que foi selecionada para fazer uma grande campanha para combater a discriminação e a falta de diversidade na indústria de beleza, fala sobre a sua experiência real de ser discriminada por causa da sua cor e identifica a raiz onde se encontra esse discriminação – supremacia branca e racismo sistémico – a grande marca não pode simplesmente afirmar que os seus pensamentos não são “de acordo com a ética da marca”.

O apoio

Se há quem se oponha à modelo, também há quem a apoie. Muitas pessoas consideraram a marca francesa hipócrita por dispensar alguém que apenas abordou o assunto da diversidade, o mesmo tema que representa na campanha da marca.

“Os comentários de Munroe Bergdorf foram honestos e verdadeiros, vocês são um monte de sapos capitalistas” e “Nada do que Munroe Bergdorf disse estava errado ou foi inapropriado. Todas as pessoas brancas se beneficiam do racismo e da supremacia branca, isto não é novidade”, são algumas das opiniões que se podem ler no Twitter em defesa da modelo.

Além dos muitos apoiantes, Clara Amfo, modelo que participou na mesma campanha da L’Oréal– “Yours Truly True Match” –, mas do ano passado, veio publicamente em defesa de Munroe Bergdorf ao colocar uma fotografia da mesma, juntamente com uma descrição onde remata com: “Ela foi retirada da campanha porque a L’Oréal sente que ela está ‘em desacordo com os nossos valores”… SE ela não ‘vale a pena’, acho que eu também não”.

Post feito por Clara Amfo na sua conta oficial de Instagram

A campanha “Yours Truly True Match” tem como objetivo promover a diversidade através da divulgação de produtos para todos os tipos de pele e independentemente do género. Munroe Bergdorf havia sido escolhida precisamente por representar uma minoria, uma mulher transgénero e negra. A modelo, agora com 29 anos, nasceu com o sexo masculino, assumiu ser homossexual aos 15 e três anos depois começou a viver como se fosse uma mulher, embora só aos 25 tenha iniciado o processo de mudança de sexo.

 


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