Hugo Costa: Um inverno no Polo Sul

Hugo Costa apresentou este sábado, na Alfandega do Porto, a coleção que já tinha revelado pela primeira vez em Paris.

Na cidade de luz não assistimos a um desfile clássico mas sim a uma performance repetida por três vezes. Um total de três horas de apresentação que teve como principal objetivo poder ser vista pelo maior número de pessoas possível.

A performance parisiense deu um pequeno filme que foi mostrado antes do desfile no Porto e nos aproximou do imaginário da coleção: as primeiras expedições aos pólos.

A roupa revelou as referências ao explorador norueguês Roald Engelbregt Graving Amundsen- o homem que liderou a primeira viagem ao polo sul em 1911- através de elementos de vestuário de abrigo como os fechos, as faixas, os elásticos e os bolsos grandes.

Dos modelos saltaram à vista os macacões muito masculinos e repletos de detalhes. As cores começaram pelo preto e acabaram no branco, fazendo brilhar pelo meio um azul esverdeado vibrante, um azul água, que por coincidência tinha o mesmo tom que a tinta usada no varandim que rodeava a sala, e um cinzento claro sofisticado.

As silhuetas mantiveram-se fieis às coleções anteriores do designer, reiterando o seu caminho de desconstrução dos clássicos, como nos explicou o próprio nos explicou em Paris:

“Na base da marca Hugo Costa sempre estiveram os valores do vestuário clássico mas adaptados ao meu imaginário adolescente do streetstyle e da arte urbana. Quando era miúdo, não era skater mas vivia muito nesse mundo do skate, do grafitti. Entretanto, com o crescimento, percebi que tinha de transformar o vestuário de streetwear em algo muito mais maduro e intenso, mais complexo intelectualmente. Quando misturas o clássico e o streetwear, tens de o fazer em todas as criações, tem de haver um equilíbrio entre as duas coisas.”

A identidade de Hiugo Costa não se revê apenas nas linhas das suas peças, mas também na mão que as camisolas têm estampada, como nos revelou depois do desfile:

“Aquela é a minha mão direita. Há um tempo desenhei uma coleção chamada individual, que se baseava no indivíduo. Nessa, o elemento gráfico que criámos foi a mão. Sentimos que deveria incorporar a marca. Não o usamos como um logótipo mas será uma característica da marca. No fundo, tem a ver com a transmissão do indivíduo nas peças, cada mão destas é decalcada diretamente na peça, uma a uma.”

Imagem de destaque e fotogaleria: Ugo Camera