“Portugal inteiro vai querer fazer amor com o Paulo Pires”

“Esta é a história de um homem rodeado por mulheres. Aliás, todas as histórias que se prezem contam sempre com mulheres incríveis”. A frase é de Patrícia Müller, argumentista de 38 anos que escreveu o romance histórico em torno de D. João V e da sua amante predileta, Madre Paula, e que agora serviu de base à adaptação televisiva homónima que se estreia na noite de quarta-feira, 5 de julho, nos ecrãs da RTP1.

Com carreira feita como argumentista de novelas, Müller garante que “esta série é completamente diferente e que nunca se fez nada assim” em terras lusitanas. Por isso, mas não só, “está nuns nervos”, porque é tudo fruto do seu trabalho. “É tudo meu – o livro, a série -, isso é bom, mas fico mais nervosa”.

Autora e argumentista Patrícia Müller [Fotografia: Fernando Dinis]
Angústias à parte, certo é que a autora está rendida a Paulo Pires, ator que incarna D. João V, e assegura que todo o público vai ficar igualmente apaixonado por ele. “O Paulo Pires está tão bem, está tão sexyPortugal inteiro vai querer fazer amor com ele”, promete e repete a autora, contando que até já lhe disse isso mesmo. “Ele riu-se”, conta Müller.

Veja as primeiras imagens da série na galeria de imagens acima.

Voltando ao argumento, a RTP1 traz à antena a recriação de um episódio da História nacional de 1720 que envolve o todo-poderoso rei D. João V, os seus amores interditos com as mulheres que faziam – mas não cumpriam – votos de castidade, os filhos ilegítimos e as guerras pelo poder travadas pela rainha Maria Ana e pelo irmão do monarca, Francisco.

Mas é o romance proibido entre o chefe do reino e uma freira do Convento de Odivelas e com origens humildes, Paula (interpretada por Joana Ribeiro), que vai incendiar os corações.

Aqui vão contar-se anos de uma peregrinação entre o Terreiro do Paço e a clausura dos arredores da capital e de uma paixão que vai transformar uma jovem mulher do povo – que nunca quis usar o hábito – na maior amante e numa das mais importantes conselheiras de um monarca que reinou em período de exuberância e extravagância económicas.

[Fotografia: Divulgação RTP]

Série custou mais de dois milhões de euros

Subsidiada pelo Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), Madre Paula trata-se de um projeto televisivo, nas palavras da autora, “caro, muito caro”. “Acho que falamos de dois a três milhões de euros”, esclarece a argumentista, lembrando que o trabalho conta com “um elenco de luxo, 700 figurantes e um guarda-roupa incrível, em que muitas peças foram alugadas e uma outra grande parte feita de raiz”.

Entre os atores contam-se nomes como Sandra Faleiro, Maya Booth, Miguel Nunes, André Nunes, Pedro Lacerda, Nuno Janeiro, Guilherme Filipe, Miguel Moreira e, entre outros, Filipe Vargas e Romeu Costa. Patrícia Müller conta que não participou na escolha dos protagonistas, mas aplaude as opções.

“Foi o Virgílio Castelo [consultor para a ficção da RTP] que escolheu o Paulo Pires, até lhe ligou. Já a Joana Ribeiro foi por casting, mas quando a viram perceberam que ela tinha de ser a Paula, é tão intensa”.

Mas há, justifica a autora, mais a legitimar aquele preço. “A qualidade técnica, de imagem, a iluminação, aspetos que não têm nada a ver com o guião, e que estão incríveis. Nunca houve em Portugal nada assim”, revela a autora, que se deixou levar por uma protagonista de uma história nacional que a surpreendeu. “A Madre Paula tinha um péssimo feitio, terrível mesmo. Era muito intensa, muito nariz no ar e o rei achou graça a isso. E creio que foi isso que os levou a ficar juntos.”

Adoro fazer novelas, mas preciso de abrir o espetro”

Deu nas vistas na TVI, em 2010 foi para a SIC como argumentista exclusiva, mas o contrato acabaria por terminar após ter assinado novelas como Rosa Fogo e Poderosas. Livre para outros caminhos, a autora conta agora que “é freelancer” e criou uma “’produtora de conteúdos chamada Flamingo Rubro”. Assina a adaptação – a par da autora Eduarda Laia – de Madre Paula e prepara um novo projeto para o ano. “Estou a produzir outra série com a Vende-se Filmes, não será um romance histórico, mas não posso divulgar mais, apenas que é para breve”.

“Adoro fazer novela, mas é preciso alargar o espetro”, justifica a argumentista que conta que esta aposta em histórias mais curtas não significa o adeus a narrativas de longa duração. “As equipas são mais pequenas, as histórias mais curtas, é muito engraçado, é diferente”.