Prémios H&M: Usar os restos para salvar o planeta

Já imaginou sair à rua com uma saia feita a partir de estrume de vaca, uma camisa de têxteis solares, um casaco de ganga novo tingido pelas calças que, há um mês, entregou para reciclar e uns sapatos e uma mala a condizer, ambos em pele de uva? E se todas estas peças dispuserem de uma etiqueta digital?

Não, não estamos a falar do próximo filme de ficção científica que vai chegar aos cinemas, mas antes dos finalistas dos prémios de inovação, galardão promovido pela Fundação H&M.

De acordo com as propostas, há candidatos que acreditam, e estão a estudar nesse sentido, que os resíduos que sobram das vindimas podem ser transformados em pele. Ou que o estrume de vaca, tão danoso para o ambiente, deverá vir a ter uma nova vida, sem cheiro, no guarda-roupa.

Estas são duas das cinco ideias que vão receber fundos por parte da Fundação H&M para serem desenvolvidas, no âmbito dos prémios Global Change Awards (GCA).

Mas há mais propostas que se pretendem sustentáveis para o ambiente e, para as conhecer, nada como percorrer a galeria de imagens acima para conhecer em detalhe o que de insólito se anda a criar para a indústria da moda, sempre com a preocupação de preservar o planeta.

A votação pública dos cinco projetos finalistas será feita online em globalchangeaward.com, a partir desta segunda-feira, 27 de março, até 2 de abril. Caberá aos votantes decidir como será distribuído o prémio de um milhão de euros pelos cinco finalistas escolhidos.

A 5 de abril, numa gala que vai ter lugar na Câmara Municipal de Estocolmo, na Suécia, será revelado o vencedor, sendo que, no dia seguinte, os cinco finalistas passam a ter acesso a um acelerador de inovação durante um ano, ou seja, até 5 de abril de 2018.

A inovação que recolher mais votos receberá 300 mil euros, a segunda 250 mil e as restantes 150 mil euros para poderem dar seguimento às suas investigações. Para lá do prémio financeiro, haverá um acompanhamento personalizado e em colaboração com a Accenture e o Royal Institute of Technology em Estocolmo (KTH).

 

clh_erik_bang_01kopia

 

Erik Bang, coordenador dos prémios GCA, considera que é importante “encontrar ideias e dar-lhes o apoio de que necessitam para fazerem a diferença”. Ao Delas.pt, não antecipa, porém, como a investigação se vai refletir, depois, nos preços finais da roupa: ” A forma como são definidos está fora do nosso alcance”.

“Queremos influenciar a indústria da moda como um todo, e os vencedores são livres para colaborar com quem quiserem”, garante o responsável pelos GCA.

Por isso, Bang salvaguarda que, apesar da ajuda monetária e do apoio que aquela estrutura associada à marca sueca oferece, “nem a empresa H&M, nem a Fundação, sem fins lucrativos, ficam detentoras de qualquer património ou quaisquer direitos de propriedade intelectual sobre as inovações”.


Leia a entrevista na íntegra com o responsável pelo projeto do Global Change Award clicando sobre a imagem abaixo

clh_erik_bang_02


O coordenador garante ao Delas.pt que já há inovações premiadas em 2015 que estão a chegar à indústria e, consequentemente, às lojas.

“Os vencedores italianos do ano passado vão, muito em breve e em colaboração com uma marca italiana de luxo, apresentar a primeira coleção com roupas feitas de resíduos de produção de cítricos”, conta Erik Bang.

E dá outro exemplo: “A equipa da Holanda vai avançar com a ideia de fazer têxteis de algas, havendo esperança que cheguem em abril”.

56% das candidaturas partiram de mulheres

Este ano, a fundação diz que foram submetidos cerca de 130 projetos e 56% deles partiram de mulheres.

Sem adiantar se Portugal estava entre os participantes – nenhum dos cinco finalistas vem de território nacional -, os países que mais participaram neste concurso foram, lê-se no press release enviado pela marca, a “Índia, os Estados Unidos da América, a Nigéria, o Reino Unido, a Itália, a Suécia, a Macedónia, a Indonésia, o Irão e o Bangladesh”.

A iniciativa arrancou em 2015 e visa, diz o mesmo documento, “estimular inovações em fase embrionária que podem acelerar a transição da indústria da moda de um modelo linear para um modelo circular, com o objetivo de proteger o planeta e as condições de vida”.

Ilustração de destaque: H&M