‘Primeiras’? Melania e Ivanka com dossiês semelhantes

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Uma é a primeira-dama e outra foi oficialmente confirmada como primeira filha do presidente dos EUA. Melania e Ivanka, respetivamente, começaram a dar os passos no cargo no mesmo dia e o tema das mulheres está na agenda de ambas. Quem é que, afinal, chega primeiro?

A filha mais velha de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América, já veio confirmar oficialmente o seu polémico cargo na Ala Oeste da Casa Branca. Controverso porque ela estava a ser nomeada funcionária e conselheira do pai – com direito a gabinete, segurança e comunicações móveis -, mas sem receber qualquer salário, tal como uma primeira-dama, levantando questões éticas.

Agora, a própria Casa Branca, ao confirmar a nomeação na quarta-feira, 29 de março, veio tentar acalmar esta controvérsia em torno da ética.

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Em declarações ao canal norte-americano NBC News, o porta-voz da Casa Branca elogiou a decisão de Ivanka Trump. “Estamos satisfeitos por ter escolhido dar este passo no seu papel sem precedentes como primeira filha e no sentido de apoiar o presidente”. A mesma fonte oficial declarou que “o trabalho não pago que será desenvolvido por Ivanka reforça o nosso compromisso com a ética, a transparência e a conformidade e permite-lhe ter crescentes oportunidades, que lhes estavam vedadas antes, para liderar iniciativas que geram benefícios reais para o público norte-americano.”

Ao abrigo das suas novas funções, Ivanka tem já agenda definida e os temas do empoderamento das mulheres já está na agenda. Afinal, tem já reencontro marcado com a chanceler alemã, Angela Merkel – cujo primeiro encontro esteve na origem da polémica – uma vez que esta convidou a filha do magnata americano para participar na Conferência de Mulheres W20, que vai ter lugar em Berlim, de 24 a 26 de abril. “Ansiosa por promover o papel das mulheres na economia e no futuro da nossa força laboral global”, escreveu a primeira filha no Twitter, no domingo passado. Ivanka já recebeu também um convite do primeiro-ministro canadiano Justin Trudeau.

Ora, no mesmo dia em que a Casa Branca vem a terreiro marcar o território da primeira filha, a primeira-dama, Melania Trump, toma uma das suas ações iniciais mais visíveis, ao fim de dois meses de administração do marido. E as mulheres também foram o tema eleito pela ex-manequim.

Coube-lhe a ela apresentar o Prémio Internacional de Mulheres de Coragem, concedido pelo Departamento de Estado, e que visa distinguir 12 personalidades femininas que prestaram serviços importantes à comunidade, apesar dos perigos que tiveram de enfrentar. Entre as homenageadas estavam uma ativista do Bangladesh que se rebelou contra o seu próprio casamento na infância, uma sobrevivente colombiana de um ataque com ácido, uma trabalhadora hospitalar da Nigéria e uma ativista contra a violência de género da Papua Nova Guiné.

“Sinto-me profundamente honrada por estar hoje a homenagear estas 12 mulheres notáveis e inspiradoras que deram tanto por tantos, independentemente das ameaças à sua segurança pessoal. Cada uma destas mulheres traz uma história de coragem e que deve inspirar cada um de nós”, declarou Melânia, exortando os mais jovens a seguir estes exemplos de luta.

 

A secretária de imprensa do gabinete de Melania Trump veio também explicar que a primeira-dama tem estado “muito ocupada” nestas semanas iniciais de Donald Trump como presidente, embora mais afastada das luzes mediáticas. “A Senhora Trump tem trabalhado muito nas suas iniciativas enquanto gere também a sua vida como mãe, mulher e a servir o país no seu ovo papel.

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Stephanie Grisham disse ao site Politico que “a equipa continua a crescer e a ansiosa por desenvolver o trabalho que tem pela frente”, enumerando a presença de Melania em visitas de estado de líderes estrangeiros e estando presente, ocasionalmente, em assinaturas de alguns decretos do marido. A assessora lembrou também que a primeira-dama esteve presente num almoço de empoderamento das mulheres no início deste mês e vai acolher, no próximo, o Easter Egg Roll, que vai decorrer na Casa Branca. Esta iniciativa, uma tradição que vem desde 1878, reúne crianças até aos 13 anos de idade e passa por festejar a Páscoa através de um jogo com ovos, que decorre nos relvados. É um dos maiores eventos recreativos que tem lugar na Casa Branca.

Dias antes de o marido ter ganho as eleições para o mais alto cargo do país, Melania Trump tinha avançado que uma das suas prioridades como primeira-dama seria a do cyber-bullying. “Um dos focos principais do meu trabalho, se tiver o privilégio de me tornar primeira-dama, será o combate ao bullying” que acontece no mundo online, isto a par do trabalho para melhorar o quotidiano das mulheres.

Também ainda antes de Trump se ter transformado no 45º presidente dos EUA, Ivanka começou a trabalhar as causas das mulheres. A filha do magnata quer, desde setembro, que as grávidas passem a ter seis semanas de pagamento após o nascimento dos filhos e deduções fiscais iguais para ambos progenitores – recorde-se que os EUA não têm qualquer proteção nestas áreas.

Porém, de acordo com o Washington Post, o plano estará a fazer com que esta compensação decorra de “uma relação que seja reconhecida pela lei”, ou seja, um casamento. Resta perguntar: e as mulheres solteiras?

Embora o programa pareça prever a inclusão de casais do mesmo sexo no acesso a estes direitos, Ivanka Trump fez distinções numa entrevista à Cosmopolitan. Assim, pais gay que adotaram recentemente e mulheres em relacionamentos do mesmo sexo que não engravidem, não seriam beneficiados. “Nós estamos concentrados nas mães (… ), em beneficiar a que deu à luz a criança”, declarou.

Imagem de destaque: Joshua Roberts/Reuters