Procura um sistema de ensino alternativo? Veja estas opções

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Entre o Português e a Matemática, aprende-se carpintaria, linguagem gestual, agricultura ou cozinha. Aprende-se a respeitar o próximo e a envolvente. São holísticos estes cada vez mais procurados modelos de ensino alternativo ao convencional.

Desde 1948 que a Educação é reconhecida como direito fundamental na Declaração Universal dos Direitos do Homem. De lá até então, Governos de todo o mundo comprometem-se, ciclicamente, a refletir, discutir e testar metodologias para um ensino mais inclusivo e de melhor qualidade.

Em maio de 2015, aconteceu em Incheon, República da Coreia, o Fórum Mundial de Educação (World Education Forum 2015) organizado pela UNESCO com a UNICEF, World Bank, UNFPA, UNDP, UN Women and UNHCR. Deste encontro, no qual participaram entidades de 160 países, resultou a Incheon Declaration for Education 2030, que projeta o que deverá ser a educação nos próximos 14 anos. Todos os envolvidos assumem reconhecer a educação como elemento chave para alcançar o pleno emprego e a erradicação da pobreza e prometem concentrar esforços que promovam o acesso, equidade, inclusão e qualidade da escola. Querem uma educação holística, ambiciosa e aspiracional, que não deixe ninguém para trás.

Com os olhos postos nestes objetivos, parece haver ainda um longo caminho a percorrer, em Portugal; no entanto, há cada vez mais estabelecimentos de ensino a adotar modelos e métodos pedagógicos diferentes do convencional. Colocam o aluno no centro do processo educativo, envolvem não só a família como toda a comunidade, ensinam a olhar o mundo como um todo, a respeitar a natureza, incentivam a partilha, fomentam as atividades artísticas como meio para a aprendizagem, apoiam os pais no seu caminho, por vezes delicado, da parentalidade.

Alguns destes projetos de ensino foram criados pelos próprios encarregados de educação como resposta alternativa ao sistema vigente. Neste mesmo âmbito surgiram também uma série de associações sem fins lucrativos cujo objetivo é colocar em contacto pessoas, escolas, grupos, projetos, comunidades que querem ser agentes de mudança e têm um interesse comum: a educação. A Rede Educação Viva é disso exemplo. Trata-se de uma rede – criada por pais, educadores, sociólogos, professores, filósofos -, organizada em 16 núcleos locais de norte a sul do país, para pensar a educação: “Agimos partilhando informação e competências, trocando conhecimentos, ideias, estudos, práticas e técnicas que promovam a inovação e que contribuam para um novo rumo da educação”, assumem.

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Escola da Ponte, Santo Tirso, escola pública, pré-escolar, 1º, 2º e 3º ciclos.
Apesar de pública, a Escola da Ponte assume estar “organizada segundo uma lógica de projeto e de equipa, estruturando-se a partir das interações entre os seus membros”. Ao abrigo de um Contrato de Autonomia celebrado em 2003, teve toda a legitimidade para adotar dinâmicas organizacionais bem diferentes do convencional que se divide em turmas, anos e ciclos. Aqui, a organização faz-se por Núcleos de Projeto: “A mobilidade dos alunos entre os diferentes Núcleos é regulada por um Perfil de Transição, definido nos termos do Projeto Educativo”. A filosofia desta escola compromete-se a promover a autonomia e a consciência cívica dos alunos, que são desafiados, gradualmente, a participar nas tarefas e na responsabilidade de gestão da escola. O projeto em que assenta a escola, prevê, entre outras particularidades, que o trabalho do aluno seja “supervisionado permanentemente por um orientador educativo, ao qual é atribuído a função de tutor. O tutor assume um papel mediador entre o encarregado de educação e a escola. O encarregado de educação poderá em qualquer momento agendar um encontro com o professor tutor do seu educando.”

Os Aprendizes, Cascais, escola privada, pré-escolar, 1º e 2º ciclos
“A nossa profunda raiz é a Arte-terapia sendo por excelência o método terapêutico mais rico em técnicas mediadas pela arte, capaz de abrir profundos caminhos de compreensão afectiva e estradas cognitivas em que a arte surge como a grande facilitadora, o canal de comunicação entre o mundo inconsciente e o consciente (interior e exterior).” Assim se apresenta esta escola cujo método terapêutico-pedagógico é mediado pela Arte. Como Atividades de Enriquecimento Curricular, destaquem-se, entre as várias propostas, a Língua Gestual Portuguesa, Filosofia, Meditação, Expressão dramática, Horta&Culinária, Lar (os alunos são convidados a fazer voluntariado em lares da comunidade, onde brincam com os mais velhos e ouvem a suas histórias). Na sala de refeições, promove-se uma alimentação de origem biológica. Outra das curiosidades desta escola é o facto de cada turma ter à sua responsabilidade um animal (a sua alimentação e cuidados) que os alunos podem, à vez, levar para casa durante os fins de semana.

A pedagogia d’ Os Aprendizes inspira-se na High Scope, que tem como fundamento a aprendizagem ativa; aplica a da Arte no Reino dos Sentidos, e a sua profunda compreensão do Ser Criança. Inspira-se ainda na pedagogia Waldorf, com base numa visão holística e ensino mais humano e na valorização do conceito de comunidade do Movimento a Escola Moderna.

Casa da Floresta Verdes Anos, Lisboa, escola privada, jardim de infância, 1º e 2º ciclos
Costura, carpintaria, horta, inglês são algumas das atividades integradas no plano curricular desta escola situada nos anexos do Palácio Marquês de Fronteira, em Monsanto. “Acreditamos no ensino do respeito pela natureza, na importância educacional e ambiental de uma alimentação ovo-lacto-vegetariana biológica e bio-dinâmica, na utilização de materiais orgânicos e recicláveis como instrumento pedagógico, na criação de espaços físicos ambientalmente conscientes.” A educação e o ensino pela arte são pilares da pedagogia adotada pela escola, inspirada na Waldorf.

Eco Escola Tom da Terra, Sesimbra, privada, creche e jardim de infância
Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, que trabalha para ser “um participante ativo na comunidade local, para um enriquecimento ecológico através de oportunidades educativas.” De que forma? Integrando, nos currículos, a educação ambiental para a sustentabilidade, “com vista ao desenvolvimento de futuros cidadãos capazes de responder de uma forma resiliente a uma época de mudança e adaptação constante.” Na prática, significa que o contexto sala de aula ocupa apenas uma parte do dia. Não é uma escola Waldorf, mas é esta pedagogia que inspira o ensino praticado na Eco Escola Tom da Terra. Lavar a loiça, por a mesa, varrer o chão, plantar fazem parte das atividades diárias das crianças que aqui aprendem a partir da experiência e não a partir do conceito.

Outros projetos, entre escolas e centros de apoio ao estudo, que vai querer conhecer:
Braga: Escola da Terra
Matosinhos: Os Eres
Leiria: Casa Alecrim
Lisboa: A Voz do Operário
Sintra: Pé de Roma
Lagos: Escola Livre do Algarve