Raquel Tavares: “Aprendi desde muito cedo a dizer que não”

raqu

Mulher independente, com Alfama no coração e o fado a ferver-lhe nas veias. Assim se deu a conhecer Raquel Tavares, em conversa com Daniel Oliveira, este sábado, no programa da SIC ‘Alta Definição’.

A fadista de 31 anos viajou até à sua adolescência, quando começou a trabalhar à noite nas casas de fado. “Eu era jovem, mulher e fadista no Bairro Alto. Tive de ganhar uma certa armadura, uma certa arrogância”.

Por isso, teve também de aprender a conviver com os “vícios, a malandrice, a maldade e a desonestidade”. “Aprendi desde muito cedo a dizer que não. Acho que as pessoas aprendem isso muito tarde. E foi quando comecei a tomar decisões sozinha, e a defender-me do mundo, que me tornei mulher”.

A cantora admitiu que nunca foi criança na sua plenitude, tendo envelhecido muito depressa. “Tive que perceber cedo demais o que eram os problemas. Não me conseguiam escondê-los, não era possível. Eu estava lá, suportava aquilo. Coisas dolorosas de saúde, de família… tive de lidar com elas de cabeça erguida e chorar apenas sozinha”.

“O meu coração é, muitas vezes, de criança. Há coisas que eu gostava de ter sido e vivido. Nunca tive a inocência de uma criança, não a tive na sua plenitude. Tive de crescer muito depressa”.

A menina “pespineta e respondona”, que sonhava tornar-se jornalista de guerra, admitiu ainda, com orgulho e um sorriso no rosto, ter “sangue cigano” e “um lado muito masculino”. “Gosto de trabalhos que os homens normalmente fazem”, atirou.

Apesar da personalidade forte, quase inabalável, Raquel Tavares confessa que também passou pela “crise dos 30”. Ainda hoje se questiona, por exemplo, se irá tornar-se mãe. “Vejo amigas e ex-namorados já com filhos. Dá que pensar. Mas ainda não sei se sou essa pessoa. Não sofro com isso, vivo um dia de cada vez”, garantiu.

Agora, tranquila, diz que atravessa uma boa fase na sua vida. “Quero viver, acima de tudo”, concluiu.