Ressona? É melhor ir já ao médico

O facto de alguém ressonar é muitas vezes alvo de piadas entre família e amigos. Como quem ressona não ouve o ruído que faz enquanto dorme, acaba por não ter noção do quão incomodativo pode ser para quem está por perto. No entanto, isto não deve ser ignorado. É sinal de doença e pode até ser grave. Como esta sexta-feira se assinala o Dia Mundial do Sono, Teresa Paiva, neurologista do Centro de Eletroencefalografia e Neurofisiologia Clínica (CENC), lança o alerta e avisa: o melhor é ir já ao médico.

“O ressonar é completamente patológico, não é normal. A forma de resolver isso depende da pessoa e do que ela tiver. Pode ser um problema no nariz, na garganta ou só por estar em determinadas posições. É um problema complexo que tem de ser avaliado”, explica ao Delas.pt Teresa Paiva.

O próprio ressonar é sintoma de uma das doenças do sono mais comuns, a apneia. Esta perturbação respiratória, que consiste numa pausa da respiração durante o sono, afeta uma em cada cinco mulheres entre os 30 e os 70 anos e mais de três em cada 10 homens.


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“O sintoma mais comum de apneia do sono é a roncopatia [ressonar]. A este sinal juntam-se a sonolência excessiva, cansaço sem motivo aparente e a falta de energia para as atividades diárias ou para praticar exercício físico, tensão alta e cefaleias matinais, urinar a meio da noite, etc.”, clarifica a neurologista do CENC.

Contudo, a apneia não é a única doença do sono na lista das mais comuns. Há também a insónia, a privação do sono e as pernas inquietas.

“A insónia provoca sensação de sono não reparador, de dormir pouco ou mal, acordar cansado de manhã ou muitas vezes durante a noite, ter problemas de concentração e perda de memória durante o dia. Da privação do sono, os sintomas são o cansaço, dores de cabeça, ter vontade de dormir, humor difícil e problemas de memória e concentração. Por fim, as pernas inquietas causam uma vontade irresistível de mexer as pernas que dificulta o adormecimento. Durante a noite, estas pessoas têm tendência a dormir mal e acordam muitas vezes cansadas”, afirma a especialista.

A importância de dormir bem

Ter muitas horas de sono em atraso interfere no desempenho que cada um tem no dia-a-dia. No início traduz-se apenas em irritabilidade e alterações de humor, mas com o passar do tempo pode tornar-se bem mais grave, desencadeando um decréscimo das capacidades intelectuais, défice de atenção, problemas de memória, de raciocínio e perda da função sexual. E dormir mais horas ao fim de semana não chega para recuperar tudo o que ficou para trás durante os outros dias (na galeria de imagens acima pode ver alguns conselhos para aprender a melhorar o seu sono).

“Afeta todos os outros sistemas. O coração, a digestão, a parte emocional, cognitiva e intelectual com risco de cancro, diabetes e metabólicos. O sono afeta todos estes sistemas e, por outro lado, é afetado também por eles”, sublinha Teresa Paiva.

Foi nesse sentido que esta sexta-feira vários especialistas se reuniram no Hotel Mercure, em Lisboa, para debater o tema na conferência ‘O sono não se discute. Desafios da Medicina do Sono’. “O reconhecimento do Dia Mundial do Sono é um alerta porque muitos doentes não têm as patologias diagnosticadas ou tratadas e estamos cada vez a dormir menos. É importante alertar para os problemas de saúde que resultam disso mesmo”, acrescenta a neurologista.

Neste encontro, os profissionais discutiram a resolução de vários problemas do sono em conjunto, mas também deram oportunidade ao público em geral para contar as suas próprias experiências e preocupações.