Saúde frágil e “muitíssimo sexismo” ameaçam eleição de Hillary

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Democratic presidential nominee Hillary Clinton addresses the Democratic National Convention via a live video feed from New York during the second night at the Democratic National Convention in Philadelphia, Pennsylvania, U.S. July 26, 2016. REUTERS/Mark Kauzlarich TPX IMAGES OF THE DAY

Hillary Clinton enfrenta mais um desafio sério nesta eleição. Além dos recentes problemas de saúde, que podem afetar a confiança do eleitorado na sua capacidade para cumprir o mandato de Presidente, dos EUA, a candidata dos democratas terá de ultrapassar o sexismo para chegar à Casa Branca”.

Quem o diz é Nuno P. Monteiro, professor de Ciência Política na universidade americana de Yale, numa entrevista ao ‘Diário de Notícias’, publicada esta sexta-feira.

“Muita gente acha que se Hillary não conseguir recuperar e tiver de sair da campanha, Tim Kaine [o nome escolhido pelos democratas para vice-Presidente] ganha. Tem menos negativos do que ela. O problema de Hillary também é muito sexismo. Muitíssimo sexismo”, defende o académico.

A ex-secretária de Estado do governo de Obama abandonou, no passado domingo, a cerimónia dos 15 anos dos atentados de 11 de setembro, que decorreu em Nova Iorque, depois de se ter sentido mal. Imagens televisivas mostraram a candidata democrata a desmaiar quando se preparava para entrar no carro.

Na segunda-feira foi divulgado que Hillary Clinton estava com uma pneumonia e que se encontrava a recuperar bem. Mas o historial clínico dos candidatos pode ser uma pedra no sapato na corrida à Casa Branca.

Questionado sobre se a pneumonia poderá custar a presidência a Hillary Clinton, Nuno P. Monteiro é claro. “Se regressar e desmaiar outra vez vai ficar pior. O problema é que isto alimenta o seu problema de confiança. O eleitorado não confia nela. E isto alimenta a ideia de que não é transparente. Só admitiu que tinha a pneumonia após desmaiar. É a mesma narrativa dos emails. Aquilo é uma história que não morre, uma espécie de vampiro”, lembra o professor, que acredita que, se fosse hoje, Donald Trump ganharia as eleições.

Para dissiparem dúvidas sobre as suas capacidades para ocupar a presidência dos EUA, os dois candidatos tornaram os seus historiais clínicos públicos, esta quarta-feira.

A campanha da ex-secretária de Estado divulgou uma carta, de duas páginas, onde a sua médica, Lisa Bardack, afirma que Hillary Clinton, de 68 anos, “está sã e em forma para ser Presidente dos Estados Unidos”. Já Donald Trump, de 70 anos, entregou uma cópia do seu historial clínico ao apresentador do “The Dr. Oz Show” durante a gravação do programa, que vai ser transmitido hoje.

Hoje é também o dia em que Clinton regressa ao terreno, depois de ter tido que cancelar atividades da campanha durante três dias. As sondagens dão a democrata a perder votos para o republicano. O comício que tem marcado para Greensboro, na Carolina do Norte, será, por isso, a primeira prova de fogo da candidata, depois deste afastamento forçado.


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Imagem de destaque: REUTERS/Mark Kauzlarich