Silicon Valley: os cromos revoltam-se na nova temporada

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O que não falta em Silicon Valley são génios com grandes ambições, mas o que Richard Hendricks quer é inventar uma nova internet, e para isso está disposto a quebrar todas as regras. Afinal, ser honesto e seguir o protocolo não o levou a lado nenhum nesta bolha impenetrável que é a indústria tecnológica. Na quarta temporada de ‘Silicon Valley’, a HBO promete uma revolta dos cromos que vai mudar radicalmente o futuro dos criadores da Pied Piper, a startup fictícia mais famosa do mundo.

O que torna Hendricks tão interessante é que ele é mais do que uma caricatura satírica. Veste-se à Mark Zuckerberg, criador do Facebook, e tem o charme social de um paquiderme num lago de flamingos. Ou seja, é a representação perfeita do tipo de cromo que se vê, na realidade, entre São Francisco e São José – as cidades que estão no coração do vale do silício.

“Recentemente conheci um ‘Richard Hendricks’ total, alguém que era a cópia chapada. Gostava de o ter conhecido antes de começar a primeira temporada”, comentou o ator Thomas Middleditch, entre gargalhadas, numa conversa em Beverly Hills sobre o novo rumo da série.

“É uma grande mudança. Mesmo que eles voltem a trabalhar juntos, esta coisa da nova internet vai provavelmente acompanhar o Richard até ao fim da série”, explicou o ator que interpreta o papel principal. No final da terceira temporada, a Pied Piper virou o foco para uma aplicação de chat em vídeo, mas Hendricks está desanimado com a estratégia e o resto do grupo também não gosta da sua liderança. Por isso, no início da quarta temporada, Hendricks decide deixar a startup e perseguir um novo sonho, o de construir uma nova internet.

“Ele está contra a parede. Teve uma série de ideias diferentes no passado e esta é a maior de todas – não sei se dá para ir mais alto que inventar uma nova internet”, refere Middleditch. “Só por isso, a série, os rapazes, os relacionamentos, vai tudo depender do seu sucesso. A aplicação de chat é coisa pouca.”

Curiosamente, Middledtich assume que tem semelhanças com a personagem que interpreta. Sempre foi um cromo. Gosta de Dungeons & Dragons, o jogo que tem um papel importante noutra série de culto da rival Netflix, ‘Stranger Things’, e participa em feiras renascentistas. Aos 35 anos, o ator ainda se está a adaptar à mudança de 180º que a popularidade da série trouxe à sua vida desde 2014.

“Eu era um comediante que fazia curtas na internet e anúncios televisivos, enquanto tentava vender argumentos”, recorda. “Agora pedem para tirar muito mais selfies comigo e abriram-se portas na indústria.”

O ator reconhece que é difícil conseguir um lugar na televisão, numa série de que os espetadores gostam, e mais ainda sem ter o receio de que a cadeia cancele o programa por falta de audiências. No ano passado, ‘Silicon Valley’ foi nomeada para um Globo de Ouro e quatro Emmys, depois de quatro nomeações em 2015 e três no ano de estreia.

Embora não tenha vencido nenhum, a série tem ganho mais notoriedade progressivamente. O motivo? É uma sátira bem construída, que se baseia em momentos cómicos de vergonha alheia, um comentário social com boa pontaria e uma representação fidedigna das coisas incríveis que se veem por lá. É que o cocriador, Mike Judge, foi engenheiro em Silicon Valley durante os anos oitenta e inspirou-se nessa experiência.

Além disso, como referiu Middleditch, estamos numa era em que ser cromo se tornou desejável, ao contrário do que acontecia enquanto ele crescia. A coisa tornou-se até demais, confessa:

“Antes ficava muito orgulhoso de levantar a bandeira dos cromos. Agora é tipo, oh, não interessa.”

A quarta temporada de ‘Silicon Valley’ estreia a 24 de abril no canal TVSéries, da NOS, com Thomas Middleditch, T.K. Miller, Zach Woods, Kumail Nanjiani, Martin starr, Amanda Crew e Suzanne Cryer.