Sofia Aparício: “Drogada fui, toxicodependente nunca”

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Criança eterna, atraída pelo abismo e pelas terras vermelhas de Angola. Aos 46 anos, Sofia Aparício mostrou-se de forma brutalmente honesta no programa ‘Alta Definição’, da SIC, para falar sem medos sobre o consumo de drogas, a sexualidade e os estigmas associados ao mundo da moda, que a viu crescer.

“Eu costumo dizer que drogada fui, toxicodependente nunca”, confessou a Daniel Oliveira. “Experimentei todas as drogas que havia na altura. Hoje vivo bem sem elas. Olhar para trás e ver essa parte da minha vida, toca-me. Mas não posso dizer que me arrependo. Sei que se voltasse atrás faria exatamente igual, naquela altura e naquele contexto”, admitiu, sem esconder que chegou a desfilar sob o efeito dessas substâncias.

Sofia recordou ainda como, desde muito jovem, começou a conviver com o mundo da moda e do trabalho. Muito por vontade sua, mas também por necessidade. “Eu nunca senti que era adolescente. Tive de ser jovem adulta, para sobreviver”, frisa.

Tinha 20 anos quando venceu o concurso ‘Miss Wonderland’ e, mais tarde foi cara do magazine ’86-60-86′ na RTP. “Nunca ninguém me perguntou o que é que eu pensava. Tornei-me conhecida pelo meu aspeto”, reconhece agora aquela que foi a primeira mulher a assumir ter colocado implantes de silicone nos seios.

“Lidei desde muito cedo com o assédio e a misoginia. Tive propostas desagradáveis e que não me interessavam. Já me ofereceram um Porsche a troco da minha presença. Mas eu não me vendo por dinheiro”.

Sem qualquer hesitação, Sofia Aparício acenou ainda quando Daniel Oliveira lhe perguntou se já foi assediada tanto por homens, como por mulheres. Voltou a fazê-lo perante a questão: “E correspondeste a homens e mulheres?”. Por fim, defendeu: “Eu acho que todos os seres são bissexuais”.

“Não acho que a sexualidade defina ninguém. É como gostar mais de feijoada do que peixe grelhado. Isso não define o caráter ou a inteligência de ninguém”.

A ex-modelo, que assume nem sequer gostar de roupa e maquilhagem, já viveu, mais do que uma vez, dificuldades económicas. Chegou, inclusive, a viver numa pensão. “Quando não havia dinheiro, eu ficava mais magrita, preferia guardar para pagar a renda. Mas houve sempre um teto”, assegurou.

Apaixonada por livros, a atriz da novela da TVI ‘A Impostora’ garante ainda que não olha para a passagem dos anos como um problema. “Ainda”, adverte. Para o futuro, reserva a vontade de “plantar uma árvore” e de “viajar mais”. E tem uma certeza: “Não quero ter filhos”.