Título sexual sobre filha de Figo obriga jornal a pedir desculpa

Luís Figo usou o Instagram para parabenizar a filha, Daniela Figo, que completou 18 anos no dia 28 de março (na galeria de imagens acima pode ver algumas fotos da jovem). Ao dar a notícia uns dias depois, a 4 de abril, o jornal desportivo mexicano Récord escreveu: “Hija de Figo ya es ‘cancha reglamentaria'”, uma expressão machista que significa que a jovem, por ter atingido a maioridade, já está pronta para ter relações sexuais. A publicação (que pode ver na imagem abaixo) acabou por se tornar viral duas semanas depois, a 17 de abril, quando surgiram vários comentários de indignação no Twitter.

Polémica Figo
Notícia original do jornal desportivo mexicano ‘Récord’

“Este título é o pior do ano”, “A filha de Figo fez 18 anos. Ler o título. Vomitar. Reafirmar a minha decisão de 2012: deixar o jornalismo desportivo” e “Sem o risco de estar errado, o título do Récord sobre a filha de Figo é a coisa mais nojenta que já li”, foram alguns dos comentários que surgiram no Twitter.

Perante toda esta polémica, Carlos Ponce de León, diretor do jornal mexicano, recorreu à mesma rede social, na última terça-feira, 18 de abril, para pedir desculpa.

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“Lamento este título. Infeliz em muitos sentidos. Procurou leitores, mas ultrapassou todos os limites. Foi mudado. Apresento sinceras desculpas aos ofendidos”, pode ler-se no Twitter de Carlos Ponce de León.

Após este pedido de desculpas, o título da notícia foi alterado. Agora lê-se: “Filha de Figo atinge a maioridade”. No entanto, no texto da notícia não há qualquer pedido de desculpa ou indicação de que o conteúdo foi alterado.

A violência de género no jornalismo desportivo

Após este caso mas antes do pedido de desculpas do jornal desportivo, o site Cámara Hungara publicou uma reportagem, a 13 de abril, sobre como a violência de género é prática comum nos órgãos de comunicação social mexicanos. No artigo intitulado “Mulheres em pouca roupa, os conteúdos de eleição dos jornais desportivos no México”, este site dedica-se à análise de cinco publicações desportivas e conclui que, durante várias semanas, foi frequente em todos os media do país utilizar, pelo menos uma vez, este tipo de imagens.

Nas redes sociais, a maioria dos comentários de indignação surgiram da parte de espanhóis e não dos mexicanos. Marion Reimers, comentadora de futebol, tem uma explicação simples para este fenómeno.

“Infelizmente, não é de estranhar que isto gere mais revolta em Espanha. É um sintoma de que no México interiorizámos esta classe de ‘jornalismo’ e esta forma de se expressarem em relação a uma mulher. Reduzem os homens ao estereótipo de machos a quem só interessa ver mulheres com pouca roupa”, explicou Marion Reimers ao site Verne, do El País.