Turismo Religioso: 2017, o ano imperdível

Já sabemos que Portugal está no topo dos desejos de todos os turistas ao redor de mundo. Os da fé também. O Turismo Religioso é um dos mais produtivos ‘turismos’ em Portugal, especialmente ao nível das deslocações internas.

São também muitos os estrangeiros que visitam Fátima, e desde sempre, um marco obrigatório do grand tour das fés. Não são apenas devotos ou religiosos que lá vão, são estudiosos, historiadores, céticos, artistas, curiosos, ‘contras’, ninguém fica indiferente ao fenómeno dos pastorinhos.

Mas este ano de 2017 é verdadeiramente especial: as aparições de Fátima comemoram 100 anos e, por causa disso e só a Fátima virá o Papa. O melhor Papa desde… sempre. Não há melhor anúncio publicitário, ao redor do globo, para convidar a visitar Fátima em 2017.

Francisco chegará dia 12 de maio, no pleno das festividades. Segundo a Rádio Renascença o Papa aterrará por volta das 16h00 na base aérea de Monte Real, onde altas figuras do Estado estarão para o acolher. Por volta da 18h00 chegará a Fátima e percorrerá de papamóvel os cerca de 3 quilómetros até ao Santuário, entre os muitos milhares de turistas religiosos que se esperam para esse entardecer. Já no recinto, o Papa rezará na Capelinha das Aparições e dará com esta prece início à peregrinação aniversária.

As agendas civil e religiosa das Comemorações do Centenário têm de tudo e, mesmo que não vá ver Francisco, há bons motivos de passeio. O Santuário tem agendados vários concertos onde o renovado órgão da Basílica será a estrela do programa: após longo e merecido restauro, foi inaugurado no ano passado, a tempo do centenário que lhe dedica todo um Ciclo que decorre desde já há um ano. Este é um dos melhores órgãos europeus e o maior de Portugal, brilhando com 90 registos e 6.500 tubos ao todo. A 14 de maio, o mês de Maria, o Coro Gregoriano de Lisboa e o Ensemble Alpha inauguram o Ciclo de Música Sacra e em julho a Irmã Marie Keyrouz trará o concerto A Virgem Maria na Tradição Musical das Igrejas Orientais. E haverá danças, video mapping na fachada da Basílica, exposições várias, simpósios e conferências.

Do contributo da sociedade civil destacam-se várias ações com o tema Turismo Religioso, um nicho rico à espera de empreendedores com visão. O programa das comemorações está disponível em fatima.pt clique em Centenário para saber tudo.

Vai a Fátima a pé? Prepare-se num mês

Outros lugares de culto que tem de conhecer

Ser-se Português é naturalmente ser-se ecuménico. Somos desde sempre cidadãos do mundo, mandando para lá dos nossos e recebendo sempre os dos outros. Por muito que custe a encaixar, há mesmo “os nossos e os dos outros”, é assim, é o desenho da vida. O truque é sabermos viver uns com os outros, sem ondas, e isso nós, portugueses, sempre soubemos fazer bem.

Judeus portugueses ou em Portugal ouve desde sempre, diáspora após diáspora. Apesar de arroubos de violência, com picos por vezes extremos cometidos contra aquele comunidade, houve localidades onde os judeus souberam dar muito bem a volta à situação, muitas vezes de forma a fazer do opressor alguém obtuso, básico e estúpido, como todos os opressores afinal. A nossa alheira do almoço? É invenção judaica, por exemplo. Para ludibriar inquisidores à procura de prevaricadores que não comessem enchidos de porco, fizeram-na de caça e pão, em tudo igual às do suíno, menos a origem da carne. Resultado: passaram por verdadeiros cristãos sem traírem a sua fé. E sobreviveram.

Belmonte tem sido a cidade que mais tirou partido da longa fixação, em tempo e espaço, de judeus no território. Tem o primeiro museu nacional dedicado ao tema e esta é uma constante neste município, dar a conhecer a presença judaica local.

A judia portuguesa que foi banqueira de reis e sultões

E mesmo a iniciativa negocial privada acompanha esta movida; existe em Belmonte o primeiro hotel gizado para este turista tipo; o Belmonte Sinai Hotel é integralmente kosher e foi especialmente pensado tendo em conta a importância da herança hebraica do lugar.

É em Belmonte que encontramos também a Cabralina, uma cerveja kosher cujo nome homenageia Pedro Alvares Cabral, sim, o descobridor do Brasil e o filho maior da terra. Foi pensada no ano passado pelo mestre cervejeiro Gonçalo Faustino, que a compõe com mel, doce símbolo de Israel, e zimbro, fruto local, amargo e evocatório de contos e druidas.

Se Belmonte for longe para si (na verdade não chegam a ser 4 as horas de caminho desde Lisboa ou do Porto), em Lisboa está prevista para breve a abertura do Museu Judaico, no Largo de S. Miguel em Alfama. Aquando da sua formalização, em setembro passado, a abertura estava pensada já para este ano mas, segundo fonte da Vereação da Cultura da CML, esta acontecerá apenas em 2018. O Município cedeu o imóvel e em conjunto com a Associação de Turismo de Lisboa será responsável pelos programas e exposições. O desenho do edifício é da responsabilidade de Graça Bachmann, com a colaboração dos arquitetos Luís Neuparth e Pedro Cunha.

País ecuménico

Ficou cativo dos destinos judaicos? Então para a volta ser perfeita tem absolutamente que ir à mais bela judiaria preservada, mas esta do sul, em Castelo de Vide, onde entre este e os outros 2 vértices do triângulo, Marvão e Portalegre, se come o melhor que há no mundo. Pode não ser kosher, mas tudo tem a mão de deus.

Já no ano passado aconteceu uma espécie de aperitivo deste ano de férias pela fé, em Coimbra, com a revelação ao público da mão da rainha santa, Isabel de Aragão, a mulher que se diz ter feito rosas a partir do pão, preservada em aroma de virtude. Aconteceu a propósito do Ano Santo da Misericórdia (fundada pela rainha) e das comemorações dos 500 anos da beatificação da Rainha Santa Isabel. São raras as vezes em que tal aconteceu para o público em geral, contam-se pelos dedos de uma mão, e este desvendamento só é possível com a autorização do bispo, e em ocasiões muito especiais.