Unicef celebra 70 anos

Criança

A Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, assinala hoje 70 anos de existência.

Ao longo de sete décadas, o organismo que zela pela proteção das crianças, em especial das mais vulneráveis, tem trabalhado sem interrupção nos lugares mais difíceis do mundo para levar ajuda vital e apoio a longo prazo àquelas cujas vidas e futuros são ameaçados. Seja por conflitos e situações de emergência, seja pela pobreza, pelas desigualdades ou pela discriminação.

Para assinalar os seus 70 anos, a Unicef publicou o relatório “For Every Child, Hope — UNICEF@70: 1946-2016″, que, além de fazer faz ainda uma retrospetiva do trabalho da organização, revela novos dados sobre as condições atuais dessas crianças.

Segundo o relatório, cerca de 535 milhões de crianças, quase uma em cada quatro, vivem em países afetados por conflitos ou catástrofes muitas vezes sem acesso a cuidados médicos, educação de qualidade, nutrição e proteção adequada.

A África Subsaariana concentra a maior parte, com perto de três quartos, ou seja, 393 milhões do total de crianças a viver nessas condições. Seguem-se o Médio Oriente e o norte de África, onde residem 12% destas crianças.

A Unicef detalha que o impacto dos conflitos, das catástrofes naturais e das alterações climáticas estão a obrigar as crianças a abandonar as suas casas, a encurralá-las atrás de linhas de confronto, colocando-as em risco de sofrerem de doenças e de serem alvo de violência e exploração.

Perto de 50 milhões de crianças foram deslocadas, das quais mais de metade foram forçadas a abandonar as suas casas devido a conflitos.

Com a escalada da violência na Síria, o número de crianças que permanece em zonas sob cerco duplicou em menos de um ano, referiu a organização. São, de acordo com a Unicef, cerca de 500.000 as crianças a viver atualmente em 16 zonas sob cerco no país, praticamente sem acesso a ajuda humanitária sustentada e serviços básicos.

No nordeste da Nigéria, perto de 1,8 milhões de pessoas estão deslocadas, das quais quase um milhão são crianças e no Afeganistão, cerca de metade das crianças em idade escolar primária não têm acesso à educação.
No Iémen, quase 10 milhões de crianças vivem em zonas afetadas pelo conflito e no Sudão do Sul, 59% das crianças em idade escolar primária estão fora da escola e uma em cada três escolas em zonas de conflito estão encerradas.

Já no que se refere às zonas afetadas por catástrofes naturais, o organismo refere, por exemplo, que dois meses depois de o furação Matthew ter atingido o Haiti, mais de 90.000 crianças menores de cinco anos continuam a precisar de assistência.


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Impactos a longo a prazo
As situações de emergência que as crianças mais vulneráveis enfrentam atualmente ameaçam comprometer os muitos progressos alcançados nas últimas décadas, alerta o organismo da ONU.

Desde 1990, o número de crianças que morrem antes dos cinco anos diminuiu para metade e centenas de milhões de crianças foram retiradas da pobreza.

As taxas de crianças em idade escolar primária sem acesso à educação diminuíram mais de 40% entre 1990 e 2014. Mas em 2015, a entidade e os seus parceiros, ainda trataram, 2,9 milhões de crianças, a nível mundial, com subnutrição aguda grave.