Esqueça tudo o que lhe disseram sobre condizer, looks totais, fazer pendant. A tendência de colocar peças de roupa aparentemente sem ligação (nem de cor, nem de padrão, nem de materiais) ao mesmo tempo vinha ganhando fôlego mas assumiu todo o seu esplendor com o desfile de outono 2016 que a Prada apresentou em Milão na semana de moda que ainda decorre.
No mesmo desfile e muitas vezes nos mesmos coordenados, as referências a épocas distintas, ideais e até a mundos diferentes estão lá. Dos anos da II Guerra Mundial vêm os chapéus à marinheiro, as silhuetas curvas e delineadas e os sapatos de meio salto. Mas, por vezes, esses sapatos transformam-se em botins de atacadores que visitam o século XIX. A condizer com estes os vestidos de veludo, as carcelas subidas e as mangas de balão tão típicas da moda vitoriana.
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Depois há uma passagem pela Rússia com os casacos em patchwork e punhos de pêlo, pelo Japão nas sedas nos vestidos em brocado, pelo Havai com as camisas de Honolulu. E não conseguimos deixar de pensar em Alice no País das Maravilhas sempre que surgem fileiras de losangos em collants. Fechos, materiais sintéticos, casacos caquis lembram o movimento grunge.
O extraordinário é que deste desalinho nasce a beleza. Um dos desfiles mais aclamados nesta temporada, o da Prada, mostra como não é preciso fazer coordenados a condizer para estar bem vestida. Na verdade, este desfile demonstra exatamente o contrário.