Venham + 20, Rebecca!

Comemora em 2017 vinte anos de carreira. E a parceria com o grupo Andre Jordan esteve presente desde o princípio na vida profissional de Rebecca Leon. Não é um presente de aniversário, trabalho é trabalho e conhaque é conhaque, mas a decoração de uma das novas casas do Lisbon Green Valley, no apetecível Belas Clube de Campo com que o grupo desafiou a decoradora soube muito bem:

“O Grupo Andre Jordan está presente como cliente desde 1998, já lhes fizemos vários clubes de golfe, e obras particulares, como a casa do próprio Andre na Quinta do Lago. No meio das propostas de que vamos falando estava esta moradia modelo, que já estava pronta. Nesta não estivemos desde a construção, a arquitetura é do arquiteto Capinha Lopes, cheguei só depois da casa construída e tive um mês para a tornar habitável, a montagem durou uma semana.”

Tiveste que seguir um briefing ou fizeste o que te apeteceu?

Fiz praticamente o que me apeteceu. Apresentei um mood board, deram-me um target (upa! upa! upa!) e um orçamento, e pronto, o resto foi comigo.

Qual é o mood, aqui?

É um cool chic, em que tento quebrar a fronteira entre o interior e o exterior, há uma ligação entre os dois que as paredes de vidro não disfarçam. E como sempre, tentei fazer do espaço uma base neutra, para deixar o morador livre para mudar de ideias e apontamentos. Não gosto de contrastes de cor e uma base orgânica, suave e neutra, alonga a vida da decoração no tempo.

Quando decoras, decoras como se o fizesses para ti?

Sim, quando tenho carta branca faço-o como se fosse para mim, uso o que eu gosto. Não sou capaz de vender aquilo de que não gosto, é o meu grande problema. Às vezes tenho clientes que me pedem uma carta de cores de que não gosto, ou um estilo que não me diz nada e tenho imensas dificuldades. Mas chego lá! Mas levo o triplo do tempo e dá-me o triplo do trabalho.

Quem mais te procura, homens ou mulheres?

Para habitação privada tanto eles como elas. Para obras de investimento e imobiliário, são homens.

Quando compras materiais, mobiliário e apontamentos, tens em conta se é nacional?

Tento sempre escolher português. Mesmo na arte, temos muito bons artistas portugueses.

Preferes recuperar um espaço antigo, como os que tens feito com traça pombalina, ou gostas mais de encontrar um terreno vazio?

Adoro fazer as duas coisas. Adoro fazer um prédio pombalino, quando se consegue, quando não nos deixam só a fachada para trabalhar. Gosto imenso quando ainda lá estão as sancas e os soalhos lindos da época, gosto de encontrar a patine que só o tempo dá. Se encontrar só uma fachada, prefiro ter um projeto onde possa intervir desde o início. Quando me contratam, e havendo essa possibilidade, bato o pé para ser incluída no projeto desde o primeiro risco.

É importante ter um espaço decorado para se ser pessoa mais feliz?

É! É fundamental, deve haver pessoas que não liguem nenhuma a tal coisa, mas é com certeza uma minoria. Hoje em dia, sendo todos nós bombardeados com tanta informação a toda a hora, e consumindo, afinal, tantos espaços bonitos, nenhum de nós fica indiferente a um espaço composto e pensado.

De que obras te mais orgulhas?

A minha casa… foi uma boa luta. Sempre quis ter um projeto feito pelo meu pai e quando fiz 18 anos ele ofereceu-me o terreno. Fiz contas ao dinheiro e ao tempo, de modo a que o meu pai ainda tivesse condições para acompanhar o projeto e a obra. Só fazia sentido realizar o projeto, sim! E pronto, mandei-me de cabeça e construímos a minha casa, e foi muito bom. Não me arrependo nada de ter dado este passo muito maior que a perna.

E gosto imenso do trabalho feito em reabilitação urbana em Lisboa, na Travessa de São Paulo, com o Gonçalo Byrne e o João Góis.

Ouvi falar de um com a gaiola pombalina à vista?

É na Rua da Boavista, esse foi o primeiro e é todo meu, arquitetura e interiores.

E, claro, gosto muito desta parceria com o Andre Jordan, desde sempre.

Segues tendências ou não estás nem aí?

Primeiro está o meu gosto. Claro que é importante saber e eu estou sempre em cima a ver que tendências correm; há umas com as quais eu mais me identifico do que outras, mas é importante sabê-las, nem que seja para saber o que aí virá no mercado.

Já sentiste o efeito ‘Vistos Gold? Ou seja, sentes que há mais procura devido à parte expatriada?

Não diretamente, mas através deste meu tipo de cliente e pela parte do de reabilitação, sim, já.

Quantos anos levas de carreira?

Vinte! Comecei em 1997 no KA como chefe do departamento de imagem, e como decoradora estreei-me sozinha no Salão Lux Deco 2001 (da revista com mesmo nome), com um projeto tipo exótico-distante, uma sala de espírito Bali, mas sombrio e místico. Depois no segundo Salão lá arrastei a minha mãe e fizemos juntas uma “Garçonniere para o Herman José”.

Como é que é ter Leon no nome e trabalhar neste ofício [a mãe de Rebecca é a decoradora Gabriela Leon]?

É um orgulho enorme! E ao mesmo tempo ter as costas quentes, confesso. Mas não deixa de ser uma grande responsabilidade, não dá para ‘borrar a pintura’, como se costuma dizer.



1a

O que te faz rir?

Quando alguém cai na rua.

O que tem sempre que haver num espaço onde habites?

Conforto.

E o que nunca pode lá entrar?

Odeio medo.

Qual o teu maior arrependimento?

Não ter ido estudar lá para fora.

Gostas de beber o quê com quê?

Champanhe com morangos. Será que isto dá muito mau aspeto? Olha, leite morno!

Se tivesses que fugir à pressa, o que levarias contigo?

A minha mãe! E o cão.

Se tivesses imensa imensa massa, tipo dona disto tudo, o que comprarias já?

Uma casa na praia, mas aqui perto, ali para os lados da Costa Alentejana, uma casa sobre o mar.