Zohra, uma orquestra feminina num fórum 79% masculino

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Zohra - orquestra afegã feminina

Zohra, a primeira orquestra composta por adolescentes afegãs, atuou esta sexta-feira, 20 de janeiro, no encerramento do Fórum Económico Mundial, que decorre, desde terça-feira, em Davos, na Suíça.

Com o objetivo de chamar a atenção para os direitos das mulheres muçulmanas, a orquestra é formada por raparigas afegãs entre os 12 e os 18 anos e tocou para os líderes políticos reunidos o evento, juntamente com a Orquestra Juvenil de Genebra.

Citado pela agência Efe, o fundador da Zohra e do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, Ahmad Sarmast,” afirma que ela “não é só especial para o Afeganistão, mas também para o mundo muçulmano, onde as mulheres e as crianças enfrentam enormes desafios e desigualdades”.

Para Ahmad Sarmast, a orquestra significa uma “conquista especial para o Afeganistão, para a emancipação da mulher e da representação das artistas femininas no mundo da cultura e das artes”, e, por isso, apelo aos líderes mundiais em Davos que “invistam mais em arte, cultura e em educação. É a única forma que temos para superar os desafios que enfrentamos, nos países em vias de desenvolvimento”.

A mensagem da orquestra contrasta, contudo, com a pouca participação de mulheres no evento, que reúne anualmente líderes políticos e de instituições mundiais e algumas das personalidades mais influentes na área da economia e dos negócios.

Representação feminina superou a quota mas paridade é pouca
Este ano, no Fórum Económico Mundial foi ultrapassada a quota de participação de mulheres estipulada pela organização em 2011: por cada cinco delegados, um devia ser mulher. O evento contou com uma representação feminina de 21%, o equivalente a cerca de 600 mulheres participantes num total de 3000, oriundos de 99 países.

A primeiras-ministras britânica, Theresa May, do Bangladesh, Sheikh Hasina , e da Noruega, Erna Solberg, a líder do FMI, Christine Lagarde, a COO do Facebook, Sheryl Sandberg, a escritora turca Elif Shafak e a cantora Shakira foram algumas das personalidades femininas que passaram por Davos.

Os debates tiveram como temas principais as alterações climáticas, a crise dos refugiados na Europa e em outros pontos do mundo, a guerra civil na Síria e a globalização, mas o Fórum Económico Mundial também quis incluir na agenda alguns temas dedicados às questões de género. “A Quarta Revolução Industrial: O Impacto nas Mulheres”, “Descobrir um Mundo para além dos Genes X e Y”, “Podem as Mulheres ter Tudo” e “Rompendo Com o Status Quo dos Papéis de Género” foram alguns dos painéis dedicados ao assunto.

Apesar disso, quem acompanhou o Fórum faz um balanço pouco otimista em matéria de paridade.

Em declarações ao canal americano CNBC, a presidente da empresa de telecomunicações Ketchum, Barri Rafferty, admitiu estar menos preocupada com uma representação igualitária de homens e mulheres em Davos do que com a “progressão das mulheres nos lugares cimeiros de corporações, de entidades sem fins lucrativos e governamentais”, mas mesmo assim contou que apesar de “é crucial que [o Fórum Económico Mundial] ofereça mais apoio às delegadas mulheres, que continuam a ser a minoria dos participantes”.

 

Imagem de destaque: Fotografia: Ruben Sprich/Reuters