10 culpas que pode atirar para cima da tiróide

A tiróide parece que tem as costas largas. Afinal, os sintomas da existência de distúrbios são facilmente confundíveis com um ritmo de vida acelerado, cansativo, um quotidiano exigente e com uma qualidade de vida que nem sempre prima pela alegria. Portanto, não faltam ocasiões em que poderia alegar estar doente para se livrar de tarefas e obrigações a que tem de responder.

Porém, existem os perigos de serem as próprias mulheres a não identificarem eventuais complicações sérias da tiróide e arranjarem desculpas para adiarem a ida ao médico de família para verificar o seu estado de saúde.

E a solução é tão simples: fazer análises comuns ao sangue que – conta o médico endocrinologista Davide Carvalho – passa por “um doseamento do TSH no sangue relativamente frequente e que, hoje em dia, não é assim tão dispendioso”.

Este especialista diz mesmo que “não há razão nenhuma para num país civilizado como o nosso haver hipotiroidismo (em que todo o sistema é mais lento, promovendo uma tendência para ganho de peso) e não ser diagnosticado ou rastreado”.

Quando os especialistas apontam para a existência de possíveis problemas com nódulos neste órgão em 50% das mulheres portuguesas e quando o Instituto Nacional de Estatística revelou, no relatório das Causas de Morte 2015, que as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas mataram 3312 mulheres (2454 homens), então é tempo de estar atenta – sobretudo se se caminha para a menopausa – para evitar complicações de maior.

A semana de alerta para as doenças da tiróide está em curso

Nesta quinta-feira, 25 de maio, assinala-se o Dia Mundial da Tiróide e, em Portugal, para lá das iniciativas de rastreio, toda a semana (até 28 de maio) será dedicada a distúrbios que, estima-se, atinjam um milhão de portugueses, sendo que “70 a 80% sejam mulheres”, explica Celeste Campinho. Ao Delas.pt, a presidente da Associação das Doenças da Tiróide quer alertar para “a sintomatologia que decorre destes distúrbios”, pretende “colocar o tema na ordem do dia”, quer vincar “o sub-diagnóstico existente nesta doença” e “apoiar associados” na busca de soluções médicas, seja por “parcerias com hospitais privados”, seja “através da linha de apoio”.

Por isso, aquela entidade – em parceria com a Fundação Internacional da Tiróide – importou para Portugal a campanha Não é você: é a sua tiroide, pretendendo, assim, alertar para o facto de os “sintomas que decorrem destes distúrbios serem facilmente confundíveis com outras situações do dia-a-dia e que decorrem do estilo de vida”, vinca Celeste Campinho, também uma das milhares de portuguesas que se debate todos os dias com as alterações provocadas pelos distúrbios daquela glândula endócrina.

Percorra a galeria acima para ficar a conhecer todos os sintomas que se manifestam na sequência destes distúrbios, aperceba-se do quão semelhantes são a sequelas geradas por um quotidiano muito exigente e veja se está a justificar-se indevidamente quando, afinal, pode haver doença.

Saiba tudo sobre hipo e hipertiroidismo

O hipotiroidismo ocorre quando os níveis hormonais produzidos pela tiroide são insuficientes, levando a uma diminuição do metabolismo, e que se pode manifestar nos diversos órgãos do corpo. Por contraposição, o hipertiroidismo promove uma aceleração de todo o metabolismo. Alterações glandulares que suscitam, por si, outras alterações.

Davide Carvalho, endocrinologista, professor e especialista no Hospital de S. João, no Porto, vinca ao Delas.pt que “todas as mulheres portuguesas, após a menopausa, devem, mediante historial familiar de distúrbios da tiróide ou de doenças autoimunes, fazer um doseamento da TSH no sangue, que logo revelam se tem hipertiroidismo (tem que ser tratado e pode levar a operação) e hipotiroidismo (se for estabelecido, deverá permanecer para toda a vida, obrigando a terapêutica de substituição)”.

“O hipotiroidismo pode ter origem em diversas causas, sendo as mais frequentes a doença autoimune, lesão da tiroide, falta ou excesso de iodo, e tratamentos de radioterapia. Sem tratamento, os sintomas vão progredir, podendo causar complicações mais graves e até mesmo causar a morte”, alerta o comunicado enviado pela equipa que promove a campanha de sensibilização em curso. O mesmo documento vinca ainda que se trata de uma patologia que atinge sobretudo as mulheres mais velhas.

No que diz respeito à hiperatividade da tiróide, “tal ocorre quando as hormonas produzidas estão em excesso na circulação sanguínea, o que vai provocar um metabolismo acelerado”, podendo ser tendencialmente “uma doença familiar, e ocorre mais frequentemente em mulheres jovens”, refere a mesma nota.

Por fim, a organização mostra que “a ocorrência de tiróide hipoativa é mais comum em mulheres do que em homens” e a sua prevalência “aumenta com a idade”. Também a “hiperativa é dez vezes mais comum em mulheres do que em homens”, sendo mais frequente “na faixa etária de 20-40 anos”, podendo, porém, “ocorrer em qualquer idade”.

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