É verdade que a economia dá sinais de recuperação desde 2016, mas poupar voltou a ser uma prioridade. E, segundo especialistas na matéria, não é difícil poupar, desde que a poupança seja tratada como qualquer outra despesa. Sim, como uma despesa fixa e obrigatória.
Para começar, no início de cada mês, devemos guardar uma parte do ordenado – 10% – e viver apenas com o que sobra. A regra da poupança recomenda, ainda, que o orçamento mensal se divida da seguinte forma: 35% para a habitação (inclui renda, água, energia, telefone, internet e despesas diárias); 25% para alimentação, compras, refeições fora, lazer e férias; 15% para os transportes (veículos, combustível, passes e seguros) e 15% para outros empréstimos como crédito pessoal e cartões de crédito.
Para facilitar a tarefa existem vários truques: registe todas as despesas num ficheiro Excel ou use uma das muitas aplicações disponíveis no mercado. É a única forma de descobrir onde está a gastar a mais para conseguir fazer os cortes necessários. Por outro lado, reveja as contas mensalmente e verifique onde gastou o dinheiro para compreender se pode cortar algumas despesas ou arranjar forma de as diminuir. Vai ver que encontra problemas fáceis de solucionar, principalmente se seguir as nove dicas de poupança que deixamos a seguir.
E se a crise voltar?
Durante os anos 1990 vivia-se em Portugal um ambiente de grande otimismo. Lisboa Capital da Cultura, em 1994, a Expo`98 e as crescentes obras públicas insuflaram-nos de energia positiva e confiança no futuro. Reservar algumas poupanças para dias difíceis não passava pela cabeça da maioria. Até que em 2008 a bolha imobiliária norte-americana estoirou e em 2011 chegou uma crise generalizada que se espalhou por toda a Europa.
O aumento brutal dos valores do mercado imobiliário e a aprovação do crédito pelos bancos e o aumento do crédito pessoal resultam num endividamento exagerado das famílias.
Só em 2014, segundo dados da Defesa do Consumidor quase 90% das famílias que pediram ajuda à organização acabaram por ser encaminhadas para insolvência. Os cortes salariais, o aumentos dos impostos e das taxas de juro de crédito ao consumo e à habitação, assim como a diminuição do rendimento disponível foram as principais razões para a existência de cada vez mais portugueses em dificuldades. Além, claro, da taxa de desemprego que chegou a atingir 16,3% da população em 2013, contra 4% de 2000, de acordo com a Pordata.
Apesar da retoma, com o desemprego em níveis bastante mais baixos e o aumento do rendimento, são vários os economistas que vêm dizendo que estamos a viver novamente um cenário de pré-crise, como João César das Neves e Francisco Louçã, com o aumento brutal dos valores do mercado imobiliário e a aprovação do crédito pelos bancos e o crescimento do crédito pessoal, o que resulta num endividamento exagerado das famílias. Na semana passada do Banco de Portugal emitiu novas diretrizes de aprovação de empréstimos para tentar controlar o endividamento excessivo das famílias. Internacionalmente, os mercados dão prenúncios de crise com grandes flutuações na bolsa. Por todas estas razões, o melhor é poupar pois nada garante que o cenário de 2011 não se repita.
Sara Raquel Silva