O filme Ousadas e golpistas, dirigido por Lorene Scafaria, entra na lista dos filmes realizados por mulheres em 2019. Com Jennifer Lopez e Cardi B no elenco, o filme é baseado num artigo publicado em 2016 pela revista norte-americana New York Magazine e retrata um grupo de strippers que, cansadas de serem expostas no seu trabalho, decidem começar a roubar os seus clientes, que são milionários de Wall Street.
Também na lista está o filme Harriet, de Kasi Lemmons. Conta a história verídica de Harriet Tubman, uma ativista política que durante a guerra civil americana ajudou centenas de escravos a fugir do sul dos Estados Unidos da América, logo depois de ela própria ter conseguido escapar da escravidão, em 1849.
Estes são dois dos múltiplos exemplos de filmes que foram realizados por mulheres e que não entraram na lista de nomeações para a mesma categoria na cerimónia dos Globos de Ouro, que vai ter lugar a 5 de janeiro, em Los Angeles, Estados Unidos da América.
Na verdade, o cenário deste ano é parecido ao de 2018, pelo menos na categoria de melhor realizador: os nomeados são apenas do sexo masculino.
Desde 2000, a cerimónia de entrega de prémios selecionou mais de cem nomeados masculinos para esta categoria e apenas quatro mulheres. Não é realidade que seja rara neste tipo de eventos: também nos Óscares, a academia escolheu apenas três mulheres realizadoras de filmes nos últimos 20 anos. Um número muito pequeno comparado às 87 nomeações masculinas.
Em Hollywood, a questão tem gerado alguma polémica e muitas atrizes fazem questão de falar ao público sobre as suas preocupações.
As declarações que a atriz Natalie Portman proferiu na cerimónia dos Globos de Ouro de 2018, ao apresentar o prémio de melhor realizador, continuam no pensamento de mulheres de dentro e de fora da indústria: “Aqui estão os todos os homens nomeados para melhor realizador”, afirmou.
Já em 2019, e considerando a quantidade de filmes que se estrearam ao longo deste ano e que foram dirigidos por mulheres, Rebecca Goldman, que faz parte da fundação do movimento de empoderamento feminino Time’s Up, disse que “A falta de nomeações femininas não é só um problema dos Globos de Ouro. É uma crise da indústria e é inaceitável”, declarou.
Também a atriz Charlize Theron fez questão de dizer ao jornal norte-americano Los Angeles Times, que a falta de mulheres nomeadas “é mesmo muito ridícula”, acrescentando que “não é bom”. “Temos de continuar a fazer barulho até estas histórias serem ouvidas e reconhecidas”, acrescentou.
Saoirse Ronan, que está nomeada para melhor atriz de drama pela sua atuação no filme Mulherzinhas, admitiu em conferência de imprensa que a sua atuação no filme também “pertence a Greta [Gerwig]”, realizadora da película. “Este reconhecimento tem de ser partilhado com ela”.
Com todo este cenário negro para o género feminino, o Delas.pt reúne uma lista de dez filmes que foram realizados por mulheres e que chegaram às salas de cinema em 2019.
A despedida, de Lulu Wang [Fotografia: Instagram oficial thefarewell]
Um amigo extraordinário, de Marielle Heller [Fotografia: Instagram oficial abeautifuldaymovie]
Booksmart: Inteligentes e rebeldes, de Olivia Wilde [Fotografia: Instagram oficial booksmart]
Harriet, de Kasi Lemmons [Fotografia: Instagram oficial harrietfilm]
At the heart of gold: Inside the USA gymnastics scandal, de Erin Lee Carr [Fotografia: Instagram oficial siamusic]
High Life, de Claire Denis [Fotografia: Instagram oficial highlifemovie]
Ousadas e golpistas, de Lorene Scafaria [Fotografia: Instagram oficial hustlersfilm]
Portrait de la jeune fille en feu, de Céline Sciamma [Fotografia: Instagram movieannjay]
The body remembers when the world broke open, de Elle-Maija Tailfeathers e Kathleen Hepburn [Fotografia: Instagram thebodyremembersfilm]
Mulherzinhas, de Greta Gerwig [Fotografia: Instagram oficial littlewomenmovie]
