10 mulheres célebres que batalharam contra a depressão

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a depressão afeta 350 milhões de pessoas em todo o mundo. Ainda estigmatizada, é uma doença do foro mental que, se não for tratada e acompanhada, pode levar ao suicídio.

A cantora irlandesa Sinéad O’Connor, que luta há vários anos contra uma depressão, terá ameaçado atirar-se de uma ponte esta quinta-feira. O alerta, dado por um familiar, foi desmentido pela cantora de 49 anos que, no passado mês de maio, esteve desaparecida durante 24 horas, na sequência da publicação de uma aparente carta de suicídio no Facebook.

Sinéad O’Connor, cuja carreira atingiu o auge nos anos 90, chegou a afirmar, em entrevista a Oprah Winfrey, sofrer de transtorno bipolar. Algo que, anos mais tarde, viria também a desmentir.

A irlandesa que interpretou ‘Nothing Compares 2 U’ faz parte de um conjunto de celebridades que já falaram publicamente sobre a sua saúde mental e a forma como ultrapassaram estados depressivos.

Gwyneth Paltrow: após o nascimento do segundo filho, Moses, atualmente com 10 anos, a atriz sofreu de depressão pós-parto. “Sentia-me como um zombie. O meu coração estava fechado. Não conseguia ter acesso às minhas emoções, não conseguia ligar-me a nada”, revelou Paltrow em entrevista à revista ‘Good Housekeeping’, em 2011. Foi o, na altura, marido da atriz, o vocalista dos Coldplay Chris Martin, que reparou nas alterações. “Ele dizia-me ‘algo não está bem’ e eu respondia ‘não, estou ótima'”, recordou. Gwyneth Paltrow explicou que a parte mais difícil do processo de cura foi reconhecer que, de facto, tinha um problema. “Eu achava que ter uma depressão pós-parto significava chorar todos os dias e não ter capacidade para cuidar de uma criança. Mas existem muitas variantes. É por isso que acho que é muito importante que as mulheres falem sobre isto. Foi uma fase desesperante. Sentia-me uma falhada”.

Demi Lovato: a cantora de 23 anos, atualmente porta-voz de causas relacionadas com a saúde mental, descobriu que sofria de distúrbio bipolar quando esteve numa clínica de desintoxicação. Lovato, cujo historial de automutilação e consumo de drogas remonta à sua adolescência (quando era uma das estrelas da Disney), sofreu também de bulimia, com apenas 11 anos. “Eu estava num estado maníaco na maior parte das vezes. Trabalhava sem parar. Sentia-me a conquistar o mundo e, depois, tudo desmoronava à minha volta, sentia-me mais deprimida do que nunca”, revelou, em 2011, ao programa da ABC ’20/20′. Foi a família que a incentivou a procurar ajuda e a irmã, a atriz Maddie de La Garza, a sua maior inspiração para concluir os tratamentos de reabilitação.

Angelina Jolie: a atriz e ativista de 41 anos sofreu uma depressão pela primeira vez ainda na adolescência. Filha de um casal de atores (Marcheline Bertrand e John Voight), Jolie tornou-se numa estrela apenas com sete anos. “Cresci em Los Angeles, onde o foco é muito egoísta. Não sabia porque é que era tão destrutiva nem porque me sentia tão miserável. Não apreciava nem compreendia a minha vida”, recordou, em entrevista ao ‘Wall Street Journal’, em 2015. Foi preciso chegar a 2001, ano em que se tornou Embaixadora da Boa Vontade do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, para sentir que a sua existência fazia sentido, além da fama e dos holofotes de Hollywood. Após a morte da mãe, em 2007, Angelina Jolie batalhou novamente contra uma depressão. O filme de ação ‘O Procurado’ foi a forma que encontrou para lidar com a dor emocional. “Quis fazer algo físico para sair da minha própria cabeça durante um bocado, algo que me forçasse a estar ativa”, revelou.

Brooke Shields: A atriz, atualmente com 51 anos, foi uma das primeiras celebridades de Hollywood a falar abertamente sobre a depressão pós-parto. Shields lançou, em 2005, o livro ‘Down Came the Rain: My Journey Through Postpartum Depression’, onde relatou o período que se sucedeu ao nascimento da primeira filha, Rowan, em 2003. “Não conseguia suportar o som do choro dela e temia os momentos em que o meu marido a trazia para o pé de mim. Queria desaparecer. Nos períodos mais negros, ponderei engolir um frasco de comprimidos ou atirar-me da janela do meu apartamento”, escreveu a estrela do filme ‘A Lagoa Azul’. Antidepressivos e psicoterapia foram a chave para a sua cura.

Ashley Judd: uma infância marcada pelos abusos sexuais levados a cabo por “vários homens” (como relatou no seu livro de memórias, lançado em 2011) e pelo abandono familiar fizeram com que a atriz, de 48 anos, sofresse não só de depressão mas também de comportamentos obsessivo-compulsivos. Em 2006, internou-se numa clínica de reabilitação no Texas. “Eu estava infeliz. Agora estou feliz. Agora, quando estou a ter um dia difícil, sei que esse dia é sempre melhor do que o melhor dos dias antes de fazer o tratamento”, disse Judd em entrevista à revista ‘Glamour’, em 2006.

Ellen Degeneres: atualmente uma das mulheres mais poderosas da televisão, a apresentadora atravessou uma depressão profunda em 2008, quando o canal ABC cancelou a sua série, ‘Ellen’. A personagem da apresentadora assumiu a sua homossexualidade e Ellen Degeneres revelava a sua orientação sexual na capa da revista ‘Time’. As audiências da série caíram a pique, o que levou ao seu cancelamento. “Tudo o que eu temia, aconteceu. Perdi o meu emprego, fui atacada. Passei de ganhar muito dinheiro com uma sitcom para não ganhar nada”, disse, à época, numa entrevista à ‘Los Angeles Times Magazine’. “Quando abandonei os estúdios, sabendo que tinha sido desrespeitada apenas por ser gay, entrei numa depressão muito, muito profunda”, revelou. Depois de três anos sem trabalhar, o regresso deu-se como apresentadora dos prémios Emmy, em 2001, logo após o 11 de setembro. É nessa cerimónia que diz a memorável frase: “o que é que chatearia mais os talibãs do que uma lésbica vestida de fato numa sala cheia de judeus?”.

Miley Cyrus: a cantora e atriz de 23 anos, estrela da Disney desde a infância, revelou, em entrevista recente à ‘Elle’, que sofreu de depressão. “Fechava-me no meu quarto e o meu pai tinha de arrombar a porta”, revelou Miley. A intérprete de ‘Wrecking Ball’ admitiu ainda ter recorrido a medicação. “Eu não estava deprimida por causa de alguém. Estava apenas deprimida. As pessoas veem [a depressão] como uma ingratidão. Mas não é. Não é algo que se consiga evitar. Não há nada pior do que fingir que se está feliz”, explicou.

Winona Ryder: a atriz de 44 anos namorou, entre 1990 e 1993, com Johnny Depp. O final da relação, a primeira séria de Ryder (e uma das mais mediáticas à época) conduziu a atriz a uma profunda depressão. “Foi a primeira vez que tive um desgosto de amor. É irónico porque, tal como toda a gente, eu achava que tinha tudo, que não tinha qualquer razão para me sentir deprimida. Estava no auge da minha carreira mas, por dentro, estava completamente perdida” revelou, em 2009, em entrevista à ‘Elle’ britânica. Em 2001, a atriz foi presa por roubar artigos numa loja e, na sequência do episódio, fez uma pausa de quatro anos na sua carreira. Winona começou também a sofrer de crises de ansiedade. “Entrava em pânico quando não estava a trabalhar e, no entanto, estava exausta. Tive de aprender a cuidar de mim mesma”.

Lady Gaga: o sucesso retumbante da cantora, aquando do lançamento do seu primeiro álbum, ‘The Fame’, em 2008, teve consequências para a sua saúde, como revelou em entrevista à Harper’s Bazaar, em 2013. “Estava muito deprimida. Estava cansada de afastar as pessoas de mim”, admitiu Gaga, atualmente com 30 anos. “Senti que estava a morrer, que a minha luz se estava a apagar. Disse a mim mesma ‘o que quer que reste aí, nem que seja uma molécula, vais encontrá-la e multiplicá-la'”, explicou Lady Gaga, dizendo ainda que a depressão não destruiu o seu talento. “É preciso ir atrás, procurar aquela grandeza, encontrar aquela luzinha que resta. Tenho sorte porque encontrei um pequeno brilho, guardado cá dentro”.

Sheryl Crow: “A depressão é uma coisa química que acontece a algumas pessoas. Sempre fez parte da minha vida”. A cantora, atualmente com 54 anos, revelou em 2008 ter sofrido de depressão ao longo de praticamente toda a sua vida. “Sofro de depressão e, na pior fase, houve um período de seis meses, quando tinha 20 anos, em que não me conseguia vestir nem sair de casa”, descreveu, em entrevista ao ‘Daily Mail’. “Os antidepressivos ajudaram, a terapia também”, explicou a cantora, que já venceu um cancro da mama e um tumor cerebral.