10 vezes que a líder da capital de Porto Rico não se mostrou “fraca”

Donald Trump visitou Porto Rico, esta terça-feira, 3 de outubro, para verificar no terreno os trabalhos de recuperação após a devastação provocada pelo furacão Maria, em setembro.

A visita do presidente dos Estados Unidos acontece depois de uma polémica com a presidente da câmara municipal de San Juan, a capital do país, a quem Trump chamou de líder “fraca”. Tudo porque Carmen Yulin Cruz acusou a administração americana de minimizar a situação e atrasar a ajuda ao território, que é uma espécie de protetorado dos Estados Unidos.

“As pessoas estão a morrer neste país. Eu imploro, imploro a alguém que nos possa ouvir, que nos salve de morrermos. Se há alguém aí a ouvir-nos, nós estamos a morrer e vocês estão matar-nos com a vossa ineficiência e burocracia”, disse numa conferência de imprensa na última sexta-feira, 29 de setembro, referindo-se à administração federal.

A chefe da autarquia de San Juan implorou mesmo a Donald Trump que “garantisse que alguém está a dirigir [as operações], com a tarefa de salvar vidas“, enquanto o presidente contrapôs, dizendo que os dirigentes do governo porto-riquenho e o pessoal dos serviços de emergência estavam a trabalhar no limite, contra dificuldades assustadoras e com “resultados incríveis”.

Mas Trump não ficou por aqui, e na sua página de Twitter respondeu diretamente a Carmen Yulin Cruz.

“Que fraca capacidade de liderança da mayor de San Juan, e de outros em Porto Rico, que não são capazes de pôr os seus trabalhadores a ajudar”, afirmou.

No entanto, as imagens que a autarca tem colocado na sua página do Facebook e as que têm circulado na imprensa mostram-na no terreno, com água pela cintura e ajudar as equipas que, segundo Trump, não querem ajudar. Na fotogaleria, em cima, pode ver algumas dessas imagens.

A autarca de 54 anos, formada em Boston e com uma longa carreira em grandes empresas, foi eleita presidente da câmara da capital porto-riquenha, em 2012, pelo Partido Popular Democrático. Os direitos das mulheres, os direitos LGBT e a negociação de um acordo entre San Juan e Chicago para aproximar as comunidades porto-riquenhas de ambas as cidades, foram algumas das suas bandeiras.

Com as recentes catástrofes naturais que atingiram o país, Carmen Yulin Cruz passou também a destacar-se como uma líder combativa e sem meias palavras, mas também sem problemas em mostrar um lado humanista, confortando as populações afetadas pela tragédia, ou disfarçar as lágrimas em público.

Segundo a agência Lusa, o número de mortos na sequência da passagem do furacão foi atualizado para 34, segundo o governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, e os danos materiais estão avaliados em cerca de 90.000 milhões de dólares (76.300 milhões de euros).

A ilha com mais de três milhões de cidadãos norte-americanos, uma grande parte dos porto-riquenhos, que já tinha sido fustigado pelo furacão Irma, continua sem eletricidade, sem acesso a água potável ou comunicações, como internet ou rede telefónica.

Por outro lado, e a par das elevadas temperaturas registadas, a população enfrenta igualmente a escassez de bens e o receio de pilhagens.

Trump prometeu, entretanto, que a dívida do país, 70.000 milhões de dólares (59.477 milhões de euros) – considerada a maior bancarrota de um território sob jurisdição dos Estados Unidos – será liquidada.