11 conselhos que deve dar a uma amiga que está a ser vítima de assédio

Quem foi vítima de assédio raramente fala sobre isso. E não o fará seguramente se à sua volta perceber que ninguém – ou muito poucos – entende a situação em que se encontra. Por isso, é importante saber o que se pode e o que não se pode mesmo dizer a uma amiga ou familiar que vive estas circunstâncias, ou conhecer o que pode ser feito ou quais os erros que não podem mesmo ser cometidos, sob pena de piorar a situação.

Na galeria acima, fica clara a dezena de recomendações deixadas ao Delas.pt por Daniel Cotrim. O psicólogo para as áreas da violência doméstica, de género e da igualdade e assessor técnico da direção da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) lembra o quão “insidioso” pode ser um crime desta natureza e o quanto pode levar a pessoa agredida ao isolamento.


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“A questão do assédio é sempre muito melindrosa, é uma forma de vitimação insidiosa“, explica o responsável daquela associação. Para Daniel Cotrim, “a vítima é a única pessoa que a vê e a sente. Quem ouve tem grandes dificuldades em entender que a situação seja real”. Por isso, diz o mesmo psicólogo, é comum que “as pessoas que vivem estes problemas comecem a perder amizades”, levando ao isolamento.

De acordo com o estudo Violência Sobre as Mulheres – Um Olhar Europeu, raramente, as mulheres fazem queixa ou falam sobre isso. 35% das mulheres que experienciou casos graves de assédio sexual, nunca o disse a ninguém; 28% revelou o incidente a amigos; 24% contou à família ou a um parente próximo e 14% disse ao parceiro. Apenas 4% das mulheres apresentou queixa na polícia e 1% consultou um advogado ou denunciou o caso a entidades.


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O responsável vinca que “a lei portuguesa já contempla a ideia de que o assédio persistente ou perseguição é uma forma de crime e que é possível fazer queixa junto das autoridades”. É, contudo, importante distinguir entre o que é cometido no seio da intimidade e o que tem lugar no local de trabalho.

A natureza do crime é diferente, as entidades que podem ajudar não são as mesmas e as punições também são distintas. Mas uma palavra ou um gesto certos podem fazer toda a diferença para a vítima, independentemente do agressor que a persegue reiteradamente e da relação de poder que tem sobre a pessoa alvo de assédio.

“Normalmente, o assédio persistente é amplo e vai desde o envio de mensagens, de flores no local de trabalho até ao aparecimento do agressor nos locais que a vítima frequenta. Todas elas são formas de assédio. São situações que surgem, muitas vezes, quando a vítima já saiu ou está a tentar sair da relação que tem com o agressor. É uma forma de continuar a exercer poder“, contextualiza Cotrim.

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