Como explicar o terrorismo às crianças, por idades

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[Fotografia: AFP]

Cumprem-se, este sábado, 11 de setembro, 20 anos sobre os atentados às Torres Gémeas, em Nova Iorque, e que chocaram o mundo. As imagens repetidas infinitamente e o terrorismo passaram a ser parte integrante do dia-a-dia, do discurso, das notícias.

Passou a ser difícil escapar a palavras como “exército islâmico”, “terrorismo”, “jihadismo”, “atentado”, “mortos”, sobretudo nas conversas entre crianças.

Quem tem filhos terá que responder a todas estas perguntas. Mas como o fazer? E já agora, as respostas são as mesmas, independentemente da idade? Não, claro que não! É preciso simplificar, adaptar o discurso consoante a idade das crianças e é importante dizer a verdade. Por isso, recorde as recomendações deixadas por Raquel Carvalho, psicóloga clínica da Oficina da Psicologia e elemento integrante da equipa especializada em crianças e adolescentes, a Mindkiddo, lembra que “é essencial ajudar a criança a sentir-se segura” e, antes de responder, perguntar primeiro como tomou conhecimento do assunto.

Aqui ficam algumas formas de responder ao tema quente sem perder a calma e serenidade e ainda, quem sabe, aproveitar a oportunidade para relembrar, nas palavras desta especialista, “os valores de tolerância, aceitação e respeito” e “fomentar a autonomia de pensamento”.

“Até aos 6 anos, poderá dizer-se algo como “existiram umas pessoas que não estavam bem que fizeram mal a outras pessoas, mas que entretanto já foram apanhadas. Não existem muitas pessoas assim, mas às vezes estão tão tão zangadas e sozinhas que adoecem e fazem mal a outros”, explica a terapeuta.

“Com as crianças dos 6 aos 10 anos, poderá já empregar-se palavras como ataque e poderá até mostrar-se no mapa onde foi e evidenciar como foi circunscrito”, acrescenta.

A partir dos 11 anos, a palavra ‘terrorismo’ poderá ser empregue, sendo que face à pergunta “porquê?”, os pais poderão explicar que os ataques foram feitos por pessoas muito diferentes das que conhecemos, que acreditam que podem obrigar os outros a pensarem igual a elas, que o podem fazer pela força e que até os adultos têm dificuldade em compreender totalmente os motivos. Mas, ainda assim e felizmente, continuam a ser uma minoria e a probabilidade de tais eventos terem lugar continua a ser diminuta.

A especialista lembra que esta é a ocasião certa para esclarecer alguns preconceitos, xenofobia ou mitos, de acordo com os valores da família. Reforce a ideia de que a violência não é fruto de religião, mas de pessoas que não respeitam a diferença e que não tiveram a mesma oportunidade de ir à escola em países livres e contactar com pessoas e informação diversificada.

Relembre a criança e o adolescente que a maioria das pessoas é boa e não usa a violência, sublinhando que o respeito e a tolerância por outra pessoa, pelo que é, pelo que pensa (mesmo que não concordemos), é essencial para se viver em sociedade. E, acima de tudo, aproveite estas conversas para incentivar à aprendizagem de valores de tolerância, aceitação e respeito, bem como fomentar a autonomia de pensamento, alargando o tema à vida diária da criança, com exemplos e metáforas relacionadas com a escola, os amigos, a relação familiar, etc. Cada momento difícil é uma oportunidade de crescimento e este não será exceção para os mais miúdos aí em casa.