A chilena duas vezes presidente

Chile's President Michelle Bachelet addresses the audience during a visit to the Ecole Nationale Republique du Chili in Port-au-Prince
Chile's President Michelle Bachelet addresses the audience during a visit to the Ecole Nationale Republique du Chili in Port-au-Prince, Haiti March 27, 2017. REUTERS/Jeanty Junior Agustin

Michelle Bachelet é desde março de 2014 presidente do Chile pela segunda vez. Num país onde a Constituição limita o chefe do Estado a um só mandato sem hipótese de reeleição, Bachelet tinha já sido presidente da república entre 2006 e 2010, assumindo depois a liderança da ONU Mulheres até ao seu regresso triunfal à política chilena. Venceu as presidenciais de há três anos com 62% dos votos, melhorando o resultado de 53,5% obtido aquando da primeira eleição, prova da sua enorme popularidade no mais desenvolvido dos países latino-americanos.

Bachelet nasceu a 29 de setembro de 1951 em Santiago do Chile. Filha de um membro do governo marxista de Salvador Allende, chegou a ser presa depois do golpe militar de 1973, liderado por Augusto Pinochet. O pai, um militar, morreu na prisão e a família teve de se exilar.

Médica de formação, viveu na Alemanha Comunista, depois de uma passagem pela Austrália. Na RDA conheceu o marido, outro exilado chileno, e teve o primeiro os seus três filhos. Regressou ao Chile em 1979, ainda sob a ditadura de Pinochet, tendo de retomar os estudos médicos, pois as aulas na Universidade Humboldt, em Berlim-Leste, não foram consideradas para atribuição do diploma.

Depois do referendo de 1989 que permitiu o regresso do Chile à democracia, Bachelet foi ministra da Saúde e ministra da Defesa. Socialista e apoiada também pelos democratas-cristãos, foi eleita presidente em 2006. Em 2014 ganhou novo mandato. Mas foi na ONU, como cabeça da agência dedicada à promoção feminina entre 2010 e 2014, que ganhou notoriedade mundial. Esteve em Portugal em abril deste ano para ser feita Honoris Causa pela Universidade de Évora. Em entrevista ao Diário de Notícias, na qual relembrou que Portugal foi em 1821 o primeiro país a reconhecer a independência chilena, declarou que “temos de travar a violência no lar, acabar com o assédio e equiparar os salários”.


Conheça também a Canadiana que foi a primeira ministra da defesa da NATO.