3 perguntas sobre o feminismo e a moda que têm de ser feitas

Os prémios mais importantes da moda CFDA Awards foram entregues estas segunda-feira, dia 5 de junho, e no palco foi homenageado o feminismo. Este prémio veio confirmar o que já sabíamos: o feminismo está na moda!

A palavra aparece escrita em t-shirts, e o conceito está latente nos ombros largos, revolucionário em gorros core de rosa, e noutros pequenos detalhes que nos obrigam a olhar muito além da roupa. Quisemos perceber melhor este fenómeno e por isso falámos com Laura Fischer do Gabinete de Glória Steinem. Assistente da ativista galardoada nos CFDA há cinco anos, Laura conhece muito bem a condição feminina no mundo e as conquistas que ainda faltam às mulheres de todo o mundo.

Laura Fischer (E) e Gloria Steinem (D) numa pausa durante a campanha por Hilary Clinton. Carolina do Norte 2016. Photo: Jenny Warburg.

Porque é que a moda hoje é tão feminista?

Não tenho a certeza, acho que essa pergunta tem de ser feita aos designers e aos consumidores. Mas o meu palpite é que as pessoas querem cada vez mais um mundo onde o género não dite as suas escolhas de vida, e isto nota-se em vários quadrantes do mundo, incluindo a moda.

Como é que a moda pode contribuir para o empoderamento feminino?

A moda está relacionada com expressarmo-nos a nós próprias, e o feminismo tem o mesmo objetivo. O empoderamento feminino não é dizer que as mulheres são melhores que os homens, mas é dar às mulheres as mesmas oportunidades que a qualquer outro ser humano no mundo. A indústria da moda tem muita influência, e essas vozes criativas são importantes mensageiros. Se a moda levar o feminismo para o seu trabalho, as pessoas vão prestar atenção, mesmo que isso signifique apenas fazer uma pergunta: “o que significa o feminismo?”. A tomada de consciência é o primeiro passo. Por outro lado é importantes que as empresas e designers não apareçam apenas como apoiantes de causas sociais, mas que façam de facto alguma coisa. Isto significa pagarem o mesmo às suas colaboradoras mulheres que pagam aos homens. Também é importante tomarem atenção aos produtores – de onde vêm os materiais que usam? Os salários são justos? É importante fazer estas questões. E é importante que os clientes se preocupem e exijam está preocupação.

Porque é que continua a ser importante ser feminista nos dias de hoje? Por onde é que se pode começar?

Há tantas razões… Até que haja igualdade política, social e económica entre os sexos, o feminismo será sempre importante. Nos Estados Unidos, as mulheres fazem 78 centavos por cada dólar que um homem ganha por fazer o mesmo trabalho. Não tenho a certeza de qual é a diferença em Portugal mas tenho a certeza de que o valor não é igual. Esta situação é ainda pior em muitos países. Os direitos reprodutivos estão em jogo em muitos, muitos países. De acordo com a UN Population Fund, dois terços dos adultos iliterados são mulheres. A Organização Mundial de Saúde indica que cerca de 1 em cada 3 mulheres no mundo experienciou ” violência física e/ou sexual alguma vez na vida”. Há claramente muito mais trabalho para ser feito.


Saiba mais sobre a relação histórica da moda com a luta pelos direitos das mulheres.


O prémio atribuído pelo painel de diretores foi dado a Gloria Steinem, ativista e autora de vários livros feministas, Cecile Richards presidente da associação norte-americana pelo planeamento familiar “Planned Parenthood” e a atriz, cantora e compositora Janelle Monae, os três rostos que moldaram a marcha das mulheres.