2020: um ano repleto de más notícias e o seu efeito no corpo e mente

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Que atire a primeira pedra quem ainda não se deparou com algum meme referente ao ano de 2020. Mas a verdade é que, por mais que tentemos levar com uma certa leveza e humor tudo o que se tem passado nos últimos meses, a verdade é que há uma crise que se levanta: a da fatiga e cansaço perante a situação.

Segundo vários psicólogos americanos, citados pela revista S Moda, há um novo termo que diz respeito a todos os pacientes que se sentem sobrecarregados com o ano de 2020: a ‘fadiga de crise’. Esta fadiga diz então respeito ao crescimento de pacientes que afirmam sentir-se emocionalmente sobrecarregados pelos tempos difíceis atuais de incerteza, medo e dúvida provocados pela pandemia no Novo Coronavírus.

O mesmo meio de comunicação falou com dois especialistas sobre os sintomas desta nova realidade e o que podemos fazer para que o medo não nos paralise. O confinamento, as mortes, a incerteza do que o futuro nos reserva, o desemprego e quebra de rendimentos e ainda a luta constante com um inimigo invisível tem causado muitas crises de ansiedade, um cansaço que parece não ter fim e até mesmo depressão.

O ano de 2020 tem sido regrado de um conjunto de más notícias que têm também feito aumentar os pacientes que se sentem esgotados com a situação. E isto é a forma do nosso corpo reagir a todo o panorama que se tem vindo a instalar pelo globo fora, devido à Covid-19.

“O nosso corpo está bem preparado para manejar situações de stress temporário, mas está a ficar desgastado com as constantes e incansáveis pressões deste ano”, afirma Matt Simon, o investigador que deu nome a este cenário. “Este stress prolongado está a apoderar-se das nossas vidas com a incerteza sanitária, política, social e económica que há décadas que não sabíamos o que eram”, explica a psicóloga Sílvia García Graullera, acrescentado que “isto provoca nos nossos mecanismo psicológicos e adaptativos, a debilidade e que apareça a sensação de pessimismo, medo do futuro e ameaça constante”, enfatiza a especialista.

A psicóloga Leire Villaumbrales confirma também à S Moda que a receção contínua de presságios pessimistas pode causar-nos um alto nível de stress, que é o que a maioria de nós tem vivenciado: “quando nos apercebemos que existe um perigo, o nosso hipotálamo, que controla o funcionamento do sistema nervoso, reage e ativa no nosso corpo um sistema de alarme e alerta, que inclui a secreção de uma série de hormonas. Duas dessas hormonas são as conhecidas adrenalina e cortisol, intimamente relacionadas à sensação de stress, que aumentam a frequência cardíaca e a pressão arterial “, acrescenta.

Mas existem mais sintomas associados a este período em que vivemos: mais irritabilidade, insónias, tensão muscular, distúrbios alimentares, dores de cabeça ou dificuldade em manter o foco podem ser alguns dos problemas desencadeados por este sentimento prolongado de perigo.

Muitas pessoas veem-se agora perdidas, sem saber que decisões tomar ou mesmo exaustas pelos contínuos esforços de tentar continuar a levar uma vida agora chamada de “nova normalidade”.

O que fazer para ultrapassar o medo

Existem vários mecanismos que nos podem ajudar na hora de tentar “dar a volta” a um cenário que parece desolador. “Diante destas situações, precisamos de estar cientes de que, embora não possamos exercer controlo direto na situação, podemos exercer controle sobre os nossos pensamentos e comportamentos“, afirma Silvia García Graullera, que aconselha também a que procuremos espaços livres que nos deixem mais felizes e livres e que concentremos a nossa atenção em aspetos mais positivos e ações concretas do nosso dia a dia, para não deixarmos que o medo nos paralise.

“A maneira como reagimos a algo depende, em grande parte, da nossa própria personalidade, experiências de vida anteriores e também de como aprendemos a lidar com crises no passado. Por isso, é difícil arranjar uma fórmula que funcione para todos da mesma forma”, conclui Leire Villaumbrales.

No entanto, existem algumas práticas que podem ajudar a cuidar da nossa saúde física e emocional e que se tornam fundamentais para conseguirmos lidar com esta situação, tais como preservar os nossos espaços de lazer e bem-estar, ter cuidados com a nossa alimentação e também manter em prática técnicas e exercícios de relaxamento – ou exercício físico.

Recorde-se que, caso veja a situação fugir do controlo, é importante procurar a ajuda de um profissional.