+351: A marca minimalista portuguesa tem nova coleção cápsula para mulheres

Quatro anos depois do início da marca (e de peças maioritariamente masculinas e unissexo), a +351 voltou a celebrar o corpo feminino com uma nova coleção cápsula desenhada para mulheres. A marca portuguesa, gerida pela jovem de 31 anos Ana Penha e Costa, apostou em jumpsuits, vestidos e novas t-shirts básicas para esta coleção Moonlight primavera-verão, apresentada na semana passada na loja do Chiado da +351.

O que se manteve foi o perfil de sempre: traços simples, roupa minimalista e um padrão de cores que alterna entre o salmão, tons de azul e claros, com muitas referências ainda masculinas e unissexo. “Sempre tivemos roupa de homem e de mulher. A nossa peça mais comprada é uma T-shirt simples, com corte direito, que tanto fazemos em XS como XXL e que agrada a todos os géneros. Mas sempre me foquei mais na roupa de homem”, começa por explicar a responsável pelo espaço. “Até porque acho que sempre foi mais fácil para mim desenhar peças para homens”.

Foi preciso fugir ao estilo feminino mais de luxo, que desenhou durante o ano em que viveu no Brasil, para descobrir também a sua identidade enquanto designer de roupa para mulheres. Ana trocou materiais mais sofisticados por outros descontraídos, como a malha turca que diz ser o material-sensação do verão e ainda outros tecidos mais moldáveis. “Eu faço peças largas e acho que esta nova moda está a caminhar para um estilo mais hip-hop. Tenho imensas mulheres a comprarem roupa de homem. Eu própria compro imenso”, revela.

Ana Penha e Costa no lançamento da nova coleção, na companhia de Rui Maria Pêgo.

 

Nesta nova coleção de roupa, cujos preços variam entre os 45 e 155 euros, Ana contou ainda com a colaboração do artista português Pedro Baptista, cujo desenho Rocket Man foi incorporado num modelo estampado. Tal como em todas as coleções da marca (fazem duas por ano), Ana Penha e Costa optou por fotografar as novas peças com homens e mulheres “reais” – e não de agências de modelos. Veja na fotogaleria acima alguns dos modelos da +351.

 

Quando as saudades de Portugal acabam em +351

Licenciada em Design, Ana descobriu a moda enquanto trabalhava num agência de publicidade, após ter concluído a faculdade. Na altura, conciliava o trabalho com as provas de surf, modalidade na qual competia desde os 15 anos. Foi esta sua paixão pelo mar e pela prancha que a fez trocar a publicidade por um estágio na Billabong, em França. Já no regresso a Portugal decidiu inscrever-se no mestrado de moda. E assim estava plantada a semente.

O último ano do mestrado passou-o no Rio de Janeiro, a estagiar para uma marca brasileira que inspirou o espírito descontraído da +351, a Osklen. “Muitos brasileiros quando chegam à nossa loja reconhecem o estilo. Quando estava por lá, percebi que muitas das minhas colegas tinham já a sua própria marca e vendiam nos mercados. Pensei logo em aproveitar a indústria de têxtil incrível que temos em Portugal e fundar a minha própria empresa”, conta.

Foi com este espírito empreendedor e algumas saudades de casa que Ana se lançou na sua maior aventura de sempre: descobrir onde e o que queria fazer. Regressou a Portugal e começou por apresentar o projeto a várias fábricas do norte do país, sem sucesso, até que encontrou os primeiros parceiros. Em 2015, passava de “miúda a empresária“, como diz, criando a sua primeira coleção de roupa, sempre com roupa mais masculina e unissexo.

Um ano depois de arrancar com a venda online e de percorrer várias feiras, a jovem abriu a sua primeira loja, na Calçada do Combro, em Lisboa, que fechou mais tarde, já depois de abrirem a atual loja do Chiado. Neste momento, Ana prepara-se para estender a marca até ao Cais do Sodré, onde brevemente irá inaugurar a nave-mãe da marca, reunindo os escritórios, armazém e uma segunda loja na mesma morada.

Quando lhe perguntamos o que distingue a sua marca hoje em dia, Ana Penha e Costa diz não ter dúvidas: “São as peças de boa qualidade e o selo Made in Portugal”, que juntos atraem 80% dos seus clientes, que são estrangeiros. Sobre os preços praticados, mais elevados dos que se vê em lojas fast-fashion, Ana também tem resposta. “Não somos a Zara. E as nossas peças não são feitas na China, em fábricas em que trabalham crianças. Não estamos a explorar ninguém, estamos a pagar um preço justo”, conclui a empresária, que no futuro deseja ver mais mulheres à frente de negócios, mas também mais projetos feitos em Portugal.

 

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