Debra Messing: Regresso a ‘Will & Grace’ foi “chocante” e “acolhedor”

will and grace

Para os fãs será certamente um dos regressos mais aguardados da última década. A comédia ‘Will & Grace’ está de volta, uma década depois para uma nona temporada com o elenco original. Há 20 anos, esta sitcom foi praticamente pioneira a tratar os temas LGBT no horário nobre da televisão americana. Will (Eric McCormack), Grace (Debra Messing), Jack (Sean Hayes) e Karen (Megan Mullally) estão de volta, numa altura em que, politicamente, regressam à América velhos tabus e intolerâncias.

11 anos depois do último episódio da oitava temporada, Debra Messing, a Grace, explica, em entrevista, os desafios de voltar à série e à personagem depois deste interregno e com outra idade. ‘A Grace era incrivelmente física. E a Debra é incrivelmente desastrada (…) Não tenho a mesma flexibilidade que tinha aos 30. A atriz promete uma temporada igualmente comprometida com a atualidade e o momento político, à semelhança das anteriores. E, claro, muito riso. ‘Will & Grace T9’, estreia esta quinta-feira, 1 de fevereiro, às 21h10, no TV Séries, com um episódio duplo.

Esta série aspira a ter uma voz no espaço político, qual é o seu papel no meio disso?
É incrivelmente gratificante ter esta plataforma. Desde o início que o ‘Will & Grace’ tem no seu ADN o comentário, o trazer à luz os acontecimentos do dia-a-dia, na cultura pop e na política. É isso que sempre fomos. E agora vamos continuar o que sempre fizemos. Obviamente, o mundo é um lugar completamente diferente. Houve muitas, e assustadoras e perturbadoras mudanças…O que foi provavelmente o que me fez querer voltar [à série]. Porque precisava de rir outra vez e de fazer as pessoas rirem-se. Mas foi muito importante para mim, desde o início, que não nos iríamos abster de comentar a política. E foi o que fizemos.

Como foi o regresso ao programa em si depois de tanto tempo?
Chocante. Chocante e confuso, e acolhedor e confortável. Fizemos quatro episódios e, honestamente, posso dizer que só agora é que digeri o facto de estarmos realmente a fazer isto, de termos realmente regressado 11 anos depois. Tudo me pareceu tão insano que nem consigo explicar. Estávamos todos em choque nas primeiras semanas.

Qual foi a razão definitiva que a levou a decidir regressar ao programa? É um grande compromisso.
Sim, é. Quando tomei a decisão era para o primeiro episódio de dez. Como havia esse precedente, foi mais fácil para mim [inicialmente] digerir. Eu sou a única que vive em Nova Iorque a tempo inteiro e sou mãe solteira. Por isso, para mim, a coisa mais urgente foi [ajustar] a minha logística. Felizmente, somos uma grande família, portanto ir e vir para Nova Iorque tem sido feito sem esforço. Eles percebem as minhas responsabilidades de mãe. Então, depois de ouvimos que eles queria juntar-nos para uma segunda temporada e episódios extra. Isso foi um choque e um bocadinho assustador para mim. Mas, mais uma vez, ultrapassamos isso. Vamos fazer os primeiros 12 [episódios] e vamos parar antes do Dia da Ação de Graças. Eu regresso a casa nessa altura, e para o Natal, e depois voltamos a gravar o resto a partir de 4 de janeiro. Isso fez toda a diferença.

Will (Eric McCormack), Grace (Debra Messing), Jack (Sean Hayes) e Karen (Megan Mullally) estão de volta!

Falou de como este programa encaixa no período que estamos a viver. Se o resultado das eleições tivesse sido diferente, estaria aqui sentada hoje? Ou esta série seria diferente?
Acredito que estivéssemos aqui, porque presumo que o pequeno vídeo que fizemos teria os mesmos números que teve. Mas penso que seria uma série mais leve, porque o país estaria numa situação diferente. Obviamente a inclusão e tolerância são o foco da nossa série e é isso que está sob ameaça atualmente com esta administração.

Qual foi o maior desafio para si no regresso à série?
A fisicalidade. A Grace era incrivelmente física. E a Debra é incrivelmente desastrada [risos]… Em oito anos, eu torci o pescoço, distendi o ombro, a minha anca esquerda… Ou seja, uma série de problemas porque me atirava para as coisas. Toda e gente gozava com isso. Agora estou nos 40, sinto essas mazelas e não tenho a mesma flexibilidade que tinha aos 30. Acho que foi isso que me deixou mais apreensiva. ‘Onde é que vou buscar a energia e aquela flexibilidade física outra vez?’

O que é a Debra Messing da primeira temporada pensava na altura, sobre o que tinha pela frente, por comparação com Debra Messing de agora pensa?
Oh Meu Deus, ela estava aterrorizada. Ela pensava se o programa iria ser cancelado na semana seguinte. Era um programa perigoso para ser transmitido logo a seguir ao da Ellen DeGeneres (Ellen 1994-98). Naquela altura a minha preocupação era, ‘quem era a Grace?’ A coisa mais estranha das sitcoms é que só se conhece as personagens à medida que as vamos representando. Não temos qualquer ideia sobre isso no início. Portanto, sim, agora é completamente diferente. O privilégio de ter tido aquela experiência, ter-me afastado e ter a possibilidade de regressar… Sei o quão único e especial isto é para todos nós. Ter a possibilidade de ter feito aquele percurso que mudou as nossas vidas, sair e ter uma série de outras experiências criativas, que nos alimentaram de diferentes maneiras, e depois regressar? Nunca foi feito na história da TV. Estamos muito cientes do quão afortunados e privilegiados somos.