5 passos para preparar o seu filho para chegada de um irmão mais novo

irmãos istock
[Fotografia: Istock]

A chegada de um novo elemento familiar ao agregado gera sempre algumas dúvidas quer nos miúdos, quer nos graúdos. O tempo é de alegria, mas também de muitos anseios sobretudo em torno dos novos papéis que cada um vai passar a ter assim que o bebé nascer.

A pensar nesta confrontação, a formação ‘Maternidade do Irmão Mais Velho’ faz uma visita guiada a crianças e pais, preparando-os para os tempos que se seguem após os nascimentos

Ao Delas.pt, a enfermeira Mónica Pinho, responsável pela implementação do projeto no Hospital dos Lusíadas, revela como funciona este módulo que, para os mais pequenos, está vocacionado para idades compreendidas entre os três e os dez anos. “A Visita à Maternidade do Irmão mais Velho não é uma formação. É um momento informal em que se reúnem famílias que esperam outro bebé, em que o foco são os irmãos, logo é explicada e apresentada toda a dinâmica de admissão ao hospital, o Bloco de Partos e a Maternidade, com um discurso adaptado a crianças”, começa por explicar a responsável.

Projeto ‘Maternidade do irmão Mais Velho’ [Fotografia: Divulgação]

Nesta visita, prossegue Mónica Pinho, “é proposto à criança que escolha um boneco para que, com a ajuda dos pais, treine a mudança de fralda, trocar roupinhas e dar colinho”.

Entre o “orgulho” e a “responsabilidade” de ser irmão mais velho

“Por norma, as crianças estão contentes com a chegada do bebé e orgulhosas por assumir o papel de irmão mais velho”, refere a enfermeira, que não distingue géneros na hora da receção da notícia. “Poderíamos supor que as meninas seriam mais protetoras e os meninos mais desligados, mas tal não se verifica”, nota.

É claro que há exceções e que os mais pequenos nem sempre assimilam logo o seu novo papel familiar, mas, acrescenta Mónica Pinho, “a maioria das crianças encara com grande responsabilidade e orgulho o facto de se tornarem no mano mais velho, o mais crescido, o mais responsável”.

Quanto aos pais, estes vão tentado, “durante a gravidez, encontrar estratégias para tentar tornar a chegada mais fácil, pois já sabem que não é fácil o período de puerpério, tentando encontrar estratégias para tornar a passagem para família maior”, afirma a especialista ao Delas.pt.

Filhos de pais separados

E quando a chegada do irmão mais novo decorre da construção de uma nova família. Afinal, há cuidados especiais a ter em conta?

Mónica Pinho reconhece que, nestas circunstâncias, “os irmãos mais velhos poderão sempre ter sentimentos ambivalentes relativamente ao aumento do núcleo familiar”. No entanto, a enfermeira sublinha que “nada que, com muito carinho, calma, atenção e acima de tudo, muito diálogo, não seja facilmente transponível”.

Agora, há atitudes proibitivas por parte dos pais e que se aplicam a qualquer tipo de família. “A criança deve ouvir que terá sempre um lugar único e insubstituível, independentemente de quantos irmãos venham, sejam de sangue ou não”, reitera a especialista. E sublinha, para todos os casos: “Os pais não devem incutir responsabilidade de “tomar conta” ao filho mais velho, porque uma criança não pode tomar conta de outra. Uma criança mais crescida pode ajudar, mas nunca substituir o adulto.”.

Contudo, nem só os pais têm um papel relevante neste processo. A restante família pode também tentar colaborar, se possível não usando frases feitas comuns quando aborda o tema. “Ouve-se muito que ‘vais ter um mano para brincar’ e depois o bebé nasce pequeno, frágil, come, dorme e chora. Portanto o bebé só vai brincar quando ficar um pouco menos bebé”, exemplifica a especialista.

Como preparar a chegada do irmão em cinco passos

A enfermeira responsável pelo projeto ‘Maternidade do Irmão Mais Velho’ enumera, ao Delas.pt, cinco conselhos simples que podem ser aplicados pelos pais e no âmbito da preparação para a chegada de um bebé ao seio familiar.

“De facto, e mesmo com as melhores das intenções, vai naturalmente haver menos tempo para se focar na criança mais crescida nas primeiras semanas e meses a seguir ao nascimento”, lembra a enfermeira, que pede também “tempo e espaço” para a mãe “poder recuperar do parto”.

Salvaguardadas estas premissas, veja abaixo as cinco dicas deixadas por Mónica Pinho.

Envolver nos preparativos:É uma boa ideia falar com o seu filho e encorajá-lo a entusiasmar-se sobre o novo bebe no início da gravidez. Dê-lhe o máximo tempo possível para ele se habituar à ideia de uma nova pessoa se vai juntar à família. Pode mostrar-lhe as imagens das ecografias do 1º e 2º trimestre, ou levá-lo no dia das consultas e ecografias para que se sintam parte do processo e ouçam o bater do coração do bebé. Ao mostrar as imagens da ecografia aponte para a cabeça do bebé, corpo, braços e pernas, desta forma ajudará a que a criança se aperceba de que está realmente um bebe dentro do ventre da mãe. Pode envolvê-lo nas decisões que vão tomando durante a gravidez; na preparação do enxoval, que brinquedos comprar, e como organizar o quarto do bebé.” [Fotografia: Istock]

Promover reforço positivo:A principal preocupação da criança é o receio de se tornarem menos importantes com a chegada do bebé, o que é uma reação natural. Obviamente, ninguém quer sentir-se de parte. É importante promover momentos de carinho e assegurar à criança que nada irá mudar na relação que já têm.” [Fotografia: Istock]

Disponibilizar tempo para a criança: “Sugerimos que continue a disponibilizar tempo/espaço com a criança tanto durante a gravidez como após o nascimento do bebé. Mantenha as rotinas diárias como, por exemplo, manter as idas ao parque infantil, jogar em casa com a criança, idas á piscina ou praia. E ao final do dia contar uma história ao deitar. Tudo isto ajudará a criança a sentir-se segura e amada e a sentir-se incluída mesmo após a chegada do bebé. Permita-lhe ainda fazer muitas perguntas sobre o novo bebé (sim, quem sabe sobre como o bebé foi para a sua barriga!). Responda-lhe o melhor que souber para eliminar todas as dúvidas e preocupações.” [Fotografia: Istock]

Falar com ele sobre como será ter um irmão ou uma irmã: “Estimule a criança a falar sobre a chegada do bebé e sobre as coisas boas relacionadas com a chegada do bebé, tanto a curto prazo como a longo prazo. A maioria das crianças adora a ideia de ter companhia para brincar, por exemplo. Explique como vai ser maravilhoso ter um companheiro para a vida. Falar como vai ser a vida quando nascer o bebé será uma óptima maneira de estimular a imaginação acerca de ter um bebé por perto.” [Fotografia: Istock]

Trocar presentes entre irmãos: Se o seu filho mais velho vê o bebé receber presentes quando nasce e ele não recebe nada, com certeza que ficará triste. Por tal, prepare-se: compre 2 ou 3 presentes (não precisam ser dispendiosos) ou peça a familiares para trazer presentes para ambas crianças aquando da visita. Pode também ajudar o mais velho receber um presente do bebé recém-nascido, e o irmão crescido oferecer um presente ao bebé.” [Fotografia: Istock]

Este projeto, disponível para quem recorre àquela unidade hospitalar, surgiu da “partilha de experiências com casais, especialmente com alguns pais que fizeram o Curso de Preparação para o Parto e Parentalidade e que compartilharam algumas dúvidas e frustrações relacionadas com a chegada de um novo irmão e que nos pedem conselhos sobre estratégias para preparar a chegada do novo bebé”, justifica Mónica Pinho.