Masha Amini e mulheres do Irão recebem prémio Sakharov 2023

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[Fotografia: Kenzo TRIBOUILLARD / AFP]

A jovem iraniana Mahsa Amini, morta no ano passado, e o movimento ‘Mulher, Vida, Liberdade’ do Irão são as vencedoras do Prémio Sakharov 2023, que distingue a defesa dos direitos humanos, anunciou em Estrasburgo a presidente do Parlamento Europeu.

“Tenho a honra de anunciar que o Prémio Sakharov 2023 foi atribuído a Gina Mahsa Amini e o Movimento ‘Mulher, Vida, Liberdade’ do Irão”, declarou Roberta Metsola, durante a sessão plenária do Parlamento Europeu (PE), a decorrer em Estrasburgo, França, seguindo-se um longo aplauso, com várias bancadas a aplaudir de pé.

A decisão foi anunciada após a conferência dos presidentes, que reúne a presidente do PE e os líderes dos grupos políticos.

A responsável sublinhou que “o dia 16 de setembro é uma data que vai permanecer na infâmia, o brutal assassinato de Gina Mahsa Amini, de 22 anos, [como] um ponto de viragem”, que “desencadeou um movimento liderado por mulheres que está a fazer história”.

“O mundo ouviu os cânticos de ‘Mulher, Vida, Liberdade’, três palavras que se tornaram num grito de alerta para todos os que lutam pela igualdade, dignidade e liberdade no Irão. Este prémio é o nosso tributo para os corajosos e desafiadores mulheres, homens e jovens no Irão que, apesar de terem cada vez mais pressão, estão a liderar o empurrão para a mudança”, destacou Metsola. A presidente acrescentou: “O Parlamento Europeu ouve-vos, o mundo vê-vos e estamos convosco”.

O movimento contesta a lei do ‘hijab’ (um lenço que as mulheres na República Islâmica são obrigadas a usar para tapar o cabelo e que Mahsa Amini não envergava corretamente segundo as autoridades) e outras normas discriminatórias.

Além das mulheres iranianas, os finalistas da edição deste ano eram a ativista Vilma Núñez de Escorcia e o bispo de Matagalpa, Rolando José Álvarez Lagos, que lutam na Nicarágua pela defesa dos direitos humanos e contestam o regime de Daniel Ortega.

O bispo de Matagalpa está a cumprir uma pena de prisão de 26 anos e foi-lhe retirada a nacionalidade.

A seleção de finalistas da responsabilidade dos eurodeputados das comissões parlamentares dos Negócios Estrangeiros e do Desenvolvimento incluía ainda três mulheres que lutam pelo direito ao aborto gratuito, seguro e legal: a polaca Justyna Wydrzynska, a salvadorenha Morena Herrera e a norte-americana Colleen McNicholas.

O prémio será entregue em 13 de dezembro, na sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo.

O Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, no valor de 50 mil euros, é atribuído anualmente pelo Parlamento Europeu, desde 1988, a pessoas ou organizações que se destacam pela sua contribuição para a defesa dos direitos humanos e da democracia.

O galardão foi assim designado em honra do físico e dissidente da ex-URSS Andrei Sakharov. Na edição de 2022, o galardão foi atribuído ao povo ucraniano, na sequência da ofensiva militar russa, iniciada em fevereiro do ano passado.

LUSA