À caça do talento feminino no Técnico

O Instituto Superior Técnico tem como missão promover um ensino superior de qualidade nas áreas da Engenharia, Arquitetura, Ciência e Tecnologia e atividades de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, essenciais para o progresso do conhecimento, e para ministrar um ensino ao nível dos mais elevados padrões internacionais.

O Técnico identifica-se com talento. O Técnico quer talento e treina talento. Assim, o Técnico precisa de recrutar os melhores. Mas, os números mostram que o Técnico anda a desperdiçar uma fonte importante de talento: enquanto os melhores alunos já vêm para o Técnico, isso ainda não acontece com as melhores alunas, que escolhem outros cursos.

Nós, no Técnico, queremos mudar isto e por isso, foi lançado um conjunto de iniciativas para atrair mais alunas e para minimizar os entraves à progressão das mulheres nas carreiras do Técnico.

Começámos por realizar um estudo estatístico global para o Técnico sobre igualdade de género, o primeiro para uma instituição de Ensino Superior e do Sistema de C&T. Este estudo permitirá a construção de indicadores (globais/departamento/unidade de Investigação & Desenvolvimento), sua monitorização e regular divulgação.

Desenvolvemos um projeto de comunicação focado em “modelos” de “mulheres do Técnico” (e.g. no site do Técnico serão apresentados pequenos vídeos com “mulheres inspiradoras” para reforçar as mensagens principais da comunicação: aluna, professora/investigadora/cientista, alumni na empresa/indústria, empregador)

Implementámos um ciclo de encontros/palestras com talentos femininos, designado por WISE (Women In Science and Engineering), mostrando a diversidade dos percursos de mulheres engenheiras e do seu impacto na sociedade.

Criámos o prémio Maria de Lourdes Pintasilgo, que distingue duas antigas alunas do Técnico, em fases diferentes da carreira, como uma forma de ligar o passado com o futuro e de promover o papel e o impacto das antigas alunas na sociedade como modelos para as novas alunas de engenharia.

Para os seus funcionários, o Técnico investiu em programas de mentoria institucional e de promoção ao longo do ano de ambientes que favoreçam mentorias informais e incentivem a interação entre alunas e profissionais (i.e. ciclos WISE ou pequenos almoços com antigas alunas).

O Técnico implementou uma medida, pioneira na Academia, com o objetivo de proteger a maternidade e de facilitar a conciliação da vida profissional, familiar e pessoal dos seus docentes. Assim, tendo em conta os efeitos negativos que se podem fazer sentir nas atividades de investigação após o nascimento de um filho, foi criada uma dispensa de serviço docente de um semestre para todos os docentes que tenham usufruído de uma licença de maternidade/paternidade de pelo menos 100 dias.

Mais orientados para o exterior, temos dois projetos de atividades “Engenheiras por um dia, para o resto da vida” e “Girls@Tecnico” em que alunas do 3º ciclo do ensino básico desenvolvem experiências de índole mais tecnológica com o entusiasmo com que se estuda e se quer fazer engenharia. Aqui o principal desafio é inspirar mais raparigas e construir um futuro onde os estereótipos relacionados com o género deixem de afastar as alunas das engenharias.

Os engenheiros são bons a resolver problemas. Fazemos os computadores mais rápidos, os motores mais eficientes e os aviões mais seguros. Mas a engenharia não é só sinónimo de desenvolvimento, é também sinónimo de inovação e de criação. E a voz das mulheres é essencial para a resolução de problemas. Não somente porque isso torna a sociedade mais justa, mas também, porque a resolução de problemas necessita de criatividade. E a criatividade exige uma diversidade de pontos de vista. E as mulheres e os homens têm perspetivas de vida diferentes, experiências, capacidades e maneiras de julgar diferentes.

A engenharia muda a sociedade e para isso precisamos que contar com todos e com todas. Só quando a classe dos engenheiros refletir a sociedade que serve, é que pode compreende-la e assim saber mudar a sociedade para melhor.

O Técnico não pode estar limitado aos 50% da população que são homens e querer atrair mais talento feminino. A diversidade é um bem. A riqueza da engenharia é também a sua diversidade.