Constance Markievicz foi a irlandesa que se tornou em 1918 a primeira mulher eleita para a Câmara dos Comuns britânica, recusando porém assumir as funções por ser republicana e defender a independência da sua ilha. No ano seguinte seria ministra do Trabalho da Irlanda revolucionária, uma das primeiras mulheres a integrar um governo na Europa.
Filha de um aristocrata irlandês que se distinguiu pelas expedições ao Ártico, Constance Georgine Gore-Booth nasceu em 1868 em Londres mas foi criada no feudo familiar de Sligo, no noroeste da Irlanda. Durante uma das muitas fomes que assolaram a ilha no século XIX, tornando impopular o domínio inglês, a jovem Constance ajudou o pai a alimentar os empregados da família.
Desde cedo com preocupações sociais, milita pelos direitos das mulheres ao mesmo tempo que estuda pintura em Londres e depois em Paris. É na capital francesa que se apaixona pelo conde polaco Kasimir Markievicz. Casam e instalam-se em Dublin, com Constance a juntar-se em 1908 ao Sinn Fein, partido independentista de ideologia socialista.
Na Revolta da Páscoa de 1916, a chamada condessa vermelha começa por ajudar os feridos mas acaba por pegar em armas contra a coroa britânica. Presa, é condenada à morte, mas a pena já não era aplicada às mulheres. Livre, graças à amnistia geral, regressa como heroína à Irlanda. Entretanto, em 1918 as mulheres passam a ser elegíveis para a Câmara dos Comuns em Londres e Constance candidata-se e é eleita, mas o Sinn Fein recusa tomar posse e a condessa segue a regra.
Em 1919 é ministra do governo revolucionário irlandês, mas demite-se depois do tratado de 1921 em que Londres reconhece a independência irlandesa mas sem o Ulster e com o monarca inglês a manter o título de rei da Irlanda. Parte então para os Estados Unidos em busca de apoios para a causa republicana. De regresso, Constance envolve-se na guerra civil irlandesa (1922-1923) e volta a ser presa. Já com a situação pacificada, adere ao recém-fundado Fianna Fail e é eleita deputada da Irlanda em 1927, ano em que morre, possivelmente de tuberculose.
W.B. Yeats, que conheceu bem Constance, fez dela e da irmã Eva tema de um poema muito elogioso tanto da coragem como da beleza de ambas.