Período irregular expõe as mulheres a ansiedade e depressão

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Uma em cada três mulheres têm períodos irregulares durante os anos de fertilidade e surgem agora um conjunto de pesquisas que vêm demonstrar que algo mais se pode estar a passar na saúde ginecológica, mas também ao nível mental e mediante problemas desta natureza. Sintomas comuns que podem, afinal, esconder outras patologias.

O Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism publicou uma atualização de um estudo de 1966 que, na ocasião, reuniu dados de mais de cinco mil mulheres em quatro momentos das suas vidas: no primeiro ano de idade, aos 4, aos 31 e aos 46 anos e com o objetivo de verificar a prevalência de doenças mentais em mulheres com Síndrome de Ovário Poliquístico (SOP) ou sintomas relacionados com aquela doença.

A última revisão do estudo, que teve lugar há 15 anos, concentrou-se nas mulheres de 31 – em idade fértil -e de 46 anos e concluiu que a ansiedade e a depressão são mais comuns em mulheres em idade fértil ou pré-menopausa com sintomas ou mesmo com aquela doença do que na população feminina em geral. E o rácio dá que pensar: é de duas a oito vezes maior.

O mesmo estudo conclui que nem as pacientes, nem os médicos de clínica geral reconheceram a doença mental como uma elemento integrante da sintomatologia da SOP.

Em Portugal, estima-se que a síndrome atinja 6% das mulheres em idade fértil, sendo considerada uma das desordens endocrinológicas mais comuns no sexo feminino.


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Também um estudo da Universidade de Colúmbia, mas de menores proporções, aponta no mesmo sentido. A investigação reuniu 126 mulheres e conclui que os períodos anormais nas mulheres com SOP é o principal indicador de doença mental. “As mulheres com a síndrome têm presentes níveis de stress estatisticamente semelhantes à população psiquiátrica feminina”, explica o estudo publicado no Journal of Behavioral Health Services & Research. A mesma análise reivindica também que os pelos corporais e os problemas menstruais são os que mais denunciam a presença de ansiedade.

Nancy Reame [Fotografia: DR]
Ambos estudos vêm agora apontar que os sintomas como a infertilidade, o ganho de peso e o crescimento capilar são responsáveis por desencadear problemas psicológicos.

Contudo, o que surpreende os investigadores é descobrir que as irregularidades menstruais com mulheres com SOP se apresentam como o fator que mais rotundamente aponta para a presença de problemas mentais, sobretudo quando há outros problemas como a infertilidade ou o hirsutismo que podem fazer uma mulher sentir-se pouco feminina”, diz a autora do estudo Nancy Reame. Vai ainda mais longe dizendo que não se pode tratar o SOP com eficácia se não se olhar devidamente para os sinais de problemas mentais.

Embora existam soluções naturais para lidar com a síndrome, também é certo que não há um tratamento absoluto para a cura da doença. Ente as formas de tratamento contam-se soluções como a prática de exercício físico regular, o uso de pílula anticoncecional para quem tem SOP ou medicamentos específicos para limitar o excesso de testosterona, o recurso a estimulantes para a menstruação ou mesmo dietas específicas e a da diabetes pode ser uma delas. Em Portugal, é também, já recomendado o recurso a psicoterapia para lidar com a ansiedade que decorre das mudanças a que o corpo está sujeito.

Na base da síndrome está uma hormona que pode causar menstruações irregulares, infertilidade, obesidade, hirsutismo. Para lá destes sintomas comuns da SOP, há outros como acne e obesidade, hipertensão arterial.

Imagem de destaque: Shuttersock