A ‘Desfolhada’ de Simone de Oliveira faz 50 anos. Recorde as imagens

A 24 de fevereiro de 1969, Simone de Oliveira subia ao palco do Festival da Canção da RTP para cantar a Desfolhada. E o que começava por ser uma substituição de uma intérprete, como a própria Simone explicou múltiplas vezes, acabava por ser um dos mais emblemáticos marcos da música nacional no que ao certame diz respeito e é recordado agora, no ano em que cumpre meio século de existência.

A poema de Ary dos Santos fez estalar a polémica e Simone – que até já tinha ido ao festival com o tema Sol de Inverno emprestou-lhe a voz a plenos pulmões e a atitude segura, diante de uma plateia ora sentada no Teatro São Luiz, em Lisboa, ora diante dos televisores que existiam no território nacional.

“Quem faz um filho, fá-lo por gosto” foi um verso, ao som da composição de Nuno Nazareth Fernandes, que deixou marcas num país que vivia sob ditadura. A desfolhada tornou-se na música que abalou a sociedade e acabou por começar a mudar pontos de vista.

E foi Simone de Oliveira, como mulher e intérprete, que soube segurar o tema como ninguém. “Sempre fui um bocadinho contestatária. Na altura, já tinha filhos, sem ser casada. Por isso, para mim, era perfeitamente normal dizer que quem faz um filho fá-lo por gosto. Os meus dois filhos, tive-os porque quis. Foi o maior dos degraus que eu tive de ultrapassar. Havia uma falsa moralidade, que ainda hoje persiste”, acusou a cantora em entrevista ao Jornal de Notícias, em outubro de 2002.

Apesar das diversas tentativas, não foi possível voltar a ouvir Simone de Oliveira, hoje com 81 anos, sobre os tempos da Desfolhada e sobre os de hoje: os da sociedade portuguesa e os da sempiterna polémica em torno do certame anual da RTP. Na galeria acima, recorde a noite da vitória da cantora nos palcos nacionais e antes de levar a música fora de portas.

Simone de Oliveira: «Sinto que estou sempre no palco»

De volta a 1969, recorde-se, o tema viajou com Simone até Madrid, cidade onde decorreu a edição da Eurovisão nesse ano, e classificou-se em penúltimo lugar, com apenas quatro pontos.

Um resultado que levou Portugal a boicotar a sua ida ao certame no ano seguinte, juntando o seu protesto contra o sistema de votação ao lado de países como a Noruega, a Suécia e a Finlândia. Quatro pontos que só tornaram os aplausos de apoio dos portugueses ainda mais ruidosos e vigorosos quando Simone de Oliveira regressou a terras lusitanas.

Imagem de destaque: Arquivo Global Imagens

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