A doença mental que aparece na adolescência e destrói famílias

A esquizofrenia é silenciosa e, tal como a maioria das doenças mentais, não se sabe o que a provoca nem por que razão se manifesta mais rapidamente numas pessoas do que noutras. Pode afetar tanto homens como mulheres, quer sejam adultos ou crianças, e é no final da adolescência, entre os 16 e os 25 anos, que o diagnóstico é mais comum. Apesar da gravidade, chegando ao ponto de limitar por completo a vida dos doentes, ainda há quem não a leve a sério.

“Não há uma explicação, existem vários pontos de investigação que nos levam a concluir várias coisas. Uma das conclusões é que esta é uma doença neurológica e tem de ser vista como doença, tal como é visto o cancro, por exemplo. É gravíssima, provavelmente uma das doenças que mais debilitam as pessoas“, explica ao Delas.pt Miguel Mealha Estrada.

Na opinião do especialista, esta desvalorização da doença deve-se, sobretudo, ao facto de a maioria dos hospitais portugueses não estarem preparados para tratar doentes mentais (fique a conhecer, na galeria de imagens acima, os sintomas da esquizofrenia).

“Para reabilitar um doente com esquizofrenia é preciso muito apoio a nível psicossocial, só assim vai conseguir integrar-se novamente na sociedade. Isto no caso dos doentes que podem ser reabilitados porque há muitos que, infelizmente, não conseguem. Em Portugal, muitos hospitais não estão equipados para lidar com este tipo de problemáticas que pertencem à especialidade de psiquiatria”, sublinha o psicoterapeuta.

No caso português, os esquizofrénicos raramente são acompanhados em permanência por profissionais de saúde. “Normalmente dão-lhes medicação, mandam-nos para casa e ninguém explica à família quais são os sintomas e o que têm de fazer a nível psicoterapêutico e de reabilitação social. Às vezes é muito difícil lidar com essas pessoas, rebentam com famílias inteiras”, afirma o especialista.

De acordo com o ‘Esquizofrenia 24×7‘, o primeiro site sobre esquizofrenia em Portugal, esta doença afeta, em todo o mundo, cerca de uma em cada 100 pessoas. Um valor que em território luso corresponde a 1% da população (no vídeo abaixo pode ver o testemunho de uma esquizofrénica, em espanhol, do canal de YouTube ‘Esquizofrenia24x7’).

“Não é um número preocupante, está em plena concordância com as estatísticas dos outros países. Embora seja heterogénea nos seus sintomas, a esquizofrenia não escolhe culturas nas povos. É algo biológico”, acrescenta o autor do livro Um mapa para chegar ao coração da criança.

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