A finlandesa que ajudou a resistir aos soviéticos

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Fanni Luukkonen liderou a organização de voluntárias que ajudou o exército finlandês a repelir sozinho o exército soviético em 1939-1940. Batizada como Lotta Svard, nome da heroína de um poema que, mesmo depois de morto o marido soldado, se manteve no campo de batalha a ajudar os combatentes, essa organização chegou a ter 200 mil membros e destacou-se na Guerra de Inverno, quando a Finlândia foi invadida pelo Exército Vermelho. Depois da Guerra da Continuação (1941-1944), que acabou num acordo de paz entre os finlandeses e a União Soviética, a vingativa Moscovo exigiu a extinção da Lotta Svard.

Nascida em Oulu, na costa ocidental da Finlândia em 1882, Fanni destacou-se por ser uma jovem enérgica, amante da vida ao ar livre, mas também religiosa e patriótica. Era a época da dominação czarista, que se de início foi benévola pouco a pouco se tornara opressiva para os finlandeses, e depois da Revolução comunista em 1917 o país escandinavo aproveitou a fraqueza momentânea da Rússia para proclamar a independência. Professora na Carélia, que viria a ser conquistada nos anos 1940 pelos soviéticos, Fanni assumiu-se desde cedo como membro da Lotta Svard e em 1929 assumiu a sua liderança.

Nas guerras contra os soviéticos, as mulheres da Lotta Svard apoiaram os soldados, como enfermeiras, a fornecer comida ou a cuidar dos cavalos e 300 delas morreram. O marechal Mannerheim, líder finlandês, condecorou Fanni com a mais importante medalha nacional. Também a Alemanha, que a partir de 1941 passou a ser aliada da Finlândia durante a Segunda Guerra Mundial, admirava a Lotta Svard e até condecorou Fanni, com o próprio Adolfo Hitler a entregar-lhe em 1943 uma medalha que não foi dada a nenhuma outra mulher não alemã.

A heróica professora, que viveu sempre com a mãe e nunca casou, morreu em Helsínquia em 1947. A União Soviética, entretanto, não só conseguira extinguir a Lotta Svard, como além de anexar a Carélia (incluíndo Viipuri, segunda cidade finlandesa), obteve uma base militar junto a Helsínquia e proibiu depois a Finlândia de aderir à NATO, embora respeitando a sua independência e o sistema democrático. Moscovo recebeu ainda toneladas de maquinaria como reparação de guerra, num verdadeiro diktat do mais forte sobre o mais fraco.