A alegoria “A Forma da Água”, de Guillermo del Toro, foi o grande filme vencedor da 90.ª edição dos Óscares, marcada pela “sensação de mudança” a que muitos já chamaram a “era Pós-Harvey [Weinstein]”.
O filme do cineasta mexicano partiu como favorito aos prémios da academia de Hollywood, com um total de 13 nomeações, e venceu em quatro, incluindo as categorias mais importantes de melhor filme e melhor realização.
“O melhor que a arte faz, e que a nossa indústria faz, é apagar as linhas na areia”, disse Del Toro, numa referência à política de imigração da administração norte-americana, de marcação de linhas de fronteira, em particular em relação ao México.
“Três Cartazes à Beira da Estrada”, um dos principais favoritos ao Óscar de melhor filme, arrecadou apenas dois dos sete para os quais estava nomeado, ambos premiando a interpretação: a de Frances McDormand, como melhor atriz principal, e de Sam Rockwell, como melhor ator secundário.
Três atores veteranos ganharam o seu primeiro Óscar. Sem surpresas, Gary Oldman foi distinguido com o Óscar de melhor ator principal, pela interpretação de Winston Churchill em “A hora mais negra”, que também já lhe tinha garantido o Globo de Ouro, o prémio da crítica norte-americana e a vitória nos prémios BAFTA, da academia britânia de cinema e televisão, entre outras distinções. “A hora mais negra” venceu igualmente o Óscar para melhor caracterização.
Allison Janney (“I, Tonya”) foi a escolhida como a melhor atriz secundária e Sam Rockwell (“Three Billboards”) venceu o melhor ator secundário.
“Dunkirk”, de Christopher Nolan, ‘arrasou’ os prémios técnicos e levou para casa três das principais estatuetas nesta área: melhor montagem, melhor montagem de som e melhor mistura de som.
O cineasta James Ivory, de 89 anos, conhecido por filmes como “Quarto com vista” e “Maurice”, ganhou o melhor argumento adaptado, por “Chama-me pelo teu nome”, tornando-se o mais velho vencedor de um Óscar.
O filme “Blade Runner 2049” afirmou a condição de favorito na categoria de melhor fotografia, estatueta erguida por Roger Denkins, ao fim de 14 nomeações para o prémio.
“Foge” (“Get Out”), do afro-americano Jordan Peele, o primeiro negro em 90 anos nomeado para três Óscares com o mesmo filme – melhor filme, realização e argumento original – arrecadou o Óscar para melhor argumento original.
“Isto significa muito para mim”, disse Jordan Peele no início do discurso, admitindo que parou de escrever o argumento mais de 20 vezes, por achar que “não resultaria”, mostrando-se grato pela oportunidade de “erguer a sua voz”.
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Imagem de destaque: REUTERS/Lucas Jackson