
Sintomas, acesso a tratamentos e disparidades nas experiências da menopausa nas diferentes geografias eram alguns dos propósitos de um estudo online norte-americano levado a cabo em 2019, cujos resultados saíram agora, e que auscultou 1531 mulheres em perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. E se a investigação confirmou que quando ela chega não é igual para todas – o que é bastante comum -, a verdade é que a zona onde se vive tem um peso inesperado.
A análise, que pode ser consultada no site da National Library of Medicine e publicada a 1 de janeiro deste ano, concluiu que as mulheres que residem em zonas rurais, especialmente as que experienciam uma perimenopausa tardia, relataram taxas mais altas de dores musculares, dores e ataques de pânico em comparação com as suas homólogas que vivem em zonas urbanas e da periferia.
Realidades que a pós-menopausa não altera. As mulheres do campo relataram maior incidência de alterações de humor, problemas urinários e secura vaginal e indicaram que frequentemente optavam por gerir sozinhas os seus sintomas, sem quaisquer tratamentos, citando preocupações sobre os eventuais riscos da Terapia de Reposição Hormonal (só 11% das inquiridas de todas as zonas disseram estar a usar) e acesso limitado ao tratamento.
A professora emérita de obstetrícia e ginecologia na Universidade de Washington e uma das autoras do estudo, Susan Reed, considera que esta análise vem levantar a questão da equidade do tratamento a que as mulheres têm acesso.
O estudo revela que uma das maiores preocupações das mulheres que vivem em zonas rurais prende-se com o tempo necessário de viagem para conseguir consultas curtas: duas horas, em média. Mas há outros obstáculos mencionados neste estudo intitulado Menopause symptom burden and management across rural, suburban, and urban settings in a US population (O peso dos sintomas da menopausa e gestão em áreas rurais, suburbanas e urbanas numa população dos EUA, em tradução literal). Entre eles, destaque para os horários incompatíveis das escolas dos filhos ou as faltas ao trabalho a que estas deslocações obrigam.