“A minha previsão é de que o pico de cancro seja três a cinco anos anos depois da pandemia”

cancro mama

Luís Costa é diretor do serviço de Oncologia do hospital de Santa Maria, em Lisboa, e traça um horizonte negro para o cancro em Portugal. “Sim, vem aí uma pandemia de saúde mental e de cancro e de outras doenças. Posso estar enganado, a minha previsão é de que o pico [do cancro] seja três a cinco anos anos depois da pandemia”, afirma ao Delas.pt à margem do evento do lançamento de uma nova unidade laboratorial IMM Laço Hub e especialmente vocacionada para o cancro da mama metastático.

Luís Costa, diretor do Serviço de Oncologioa do Hospital de Santa Maria, em Lisboa
[Fotografia: DR]
O especialista assevera que os recursos consumidos pela pandemia, sobretudo num hospital central que esteve na linha da frente de combate à doença, não afetaram a capacidade de resposta. ”Continuámos a tratar os doentes todos, com muita dificuldade. Não parámos. Foi muito difícil”, afirma o diretor de serviço. Porém, acrescenta: “O que houve foi algum número de doentes que não foram operados, alguns desses doentes, essa onda de doentes ainda está para chegar. Temos de nos preparar para tempos dificeis em termos de números de doentes.”

Para o responsável, o tempo urge: “Temos de dar resposta a esses casos, temos de estar mais preparados, perceber já quais são os serviços que temos, qual a capacidade de resposta que temos, como podemos ampliar.

Mais do que reafetar recursos, o diretor de serviço de Oncologia pede mais capacidade de resposta e já a partir do próximo ano. “Está na altura de prever, em 2022 e 2023 temos de ter mais capacidade de resposta cirúrgica e, sobretudo, mais capacidade de resposta na Oncologia para tratar dos doentes que infelizmente chegaram em momentos mais tardios”, alerta Luís Costa em declarações ao Delas.pt, referindo-se a todo o tipo de casos: “Cancros de mama, do cólon e de muitos outros.”

Recorde-se que este mês é, por excelência, direcionado para o combate ao cancro de mama, a terceira doença mais mortal das mulheres no mundo. Ao abrigo desta iniciativa, o Instituto de Medicina Molecular – João Lobo Antunes iMM-Laço Hub está a lançar um laboratório focado na investigação em cancro da mama metastático.

Uma plataforma que procura, também, fundraising da sociedade civil e composta por uma equipa “multidisciplinar que junta médicos e cientistas com um objetivo comum – compreender as interações celulares e do microambiente tumoral no cancro da mama”, afirmou Maria Manuel Mota. Para a diretora executiva do IMM, “é este conhecimento que permitirá desenhar estratégias terapêuticas eficazes para o cancro da mama metastático”.