Devo confessar que resisti um bocadinho a dedicar uma crónica a este tema. Não porque tivesse alguma dúvida que o tema o merecesse, mas porque receei que fosse considerado interesse próprio e ser alvo de interpretações erradas. Contudo, a vida também já me ensinou a marimbar-me para aquilo que os outros pensam e, por isso, cá está: esta crónica é dedicada à “the one and only” Revenge of the 90’s, o maior acontecimento dedicado aos anos 90 que Portugal já alguma vez viu e, quem sabe, o mundo.
Mas antes, o melhor é mesmo começar pela declaração de interesses: faço parte da equipa de relações públicas dos Revenge of the 90’s, missão que desempenho com dedicação e, acima de tudo, um orgulho enorme.
Como diria o Netinho, cantor brasileiro, na sua noventeira música “Oh Mila”, “tudo começou há um tempo atrás” (sendo que o “atrás” está aqui a mais, bem sei, mas também não vou ser eu a acordá-lo para a dura realidade gramatical), numa festa de Natal de empresa.
Depois de criadas grandes expectativas em relação ao conceito “vendido” para aquele que era o único momento do ano que juntava todos os colaboradores da empresa, lá fui eu, no dia e hora marcados. O objetivo era simples: divertir-me ao máximo, ao som da música que abrilhantou a minha adolescência, vivida nos anos 90. Já me tinham dito que aquilo era mais do que uma festa – era uma experiência única – mas nesta altura eu estava longe de saber o significado disto.
Aquela foi “A festa”. E ser a “A festa”, é mais do que ser “A festa da empresa”. Foi “A festa da minha vida”. Diverti-me como acho que nunca me tinha divertido em tantos e tantos anos de noitadas animadas por Lisboa. Dancei a noite inteira, à frente do palco, fui coroada a Rainha da Noite e, mais um bocadinho, era a última a sair.
No final, senti que alguma coisa tinha acontecido ali. Não sabia muito bem explicar o quê, mas senti.
Nos dias que se seguiram, olhei algumas vezes para os vídeos e para as fotografias que tínhamos tirado, e em todas elas revivia mais um bocadinho daquela sensação boa de liberdade que o corpo sente quando se foca em ouvir-se a si próprio.
Aquela noite trouxe também algumas pessoas especiais à minha vida. Um dia, uma dessas pessoas especiais, desafiou-me a juntar-me à equipa e a ser uma “90’s kid”. Desatei-me a rir, eu, uma 70’s que se tinha divertido muito nos 90’s, é certo, mas… uma 70’s. Aceitei, sem saber muito bem o que vinha por aí.
Com o tempo, fui conhecendo os restantes membros do grupo e, devagarinho, deixei-me seduzir pela dinâmica, pelo rigor, pelo profissionalismo e pela energia de cada um deles. A capacidade de sonhar alto e de não deixar que o sonho se esfumace, era notável. A visão estratégica para saberem onde queriam chegar e qual a tática que era necessário seguir para o conseguirem, era pouco comum. Provavelmente, nem sempre o faziam de forma consciente, mas isso tornava a coisa ainda mais fascinante para mim: sempre achei que resultava porque, para além de tudo isto, ouviam o coração.
De salientar ainda o facto desta equipa ter entre os 25 e os 40 anos. Duas gerações. De um lado, a Y, habituada a sonhar com o que ninguém ousa sonhar, que encara o incerto como o desafio que lhe traz a adrenalina necessária. Do outro, a X, que se habituou a “suar as estopinhas” para conseguir vencer num mundo competitivo, e que não gosta de falhar. De um lado, os que nasceram com a televisão a preto e branco, sem comando. Do outro, os que sentem que a televisão não lhes faz falta nenhuma porque vivem cada vez mais online. Uns viram a tecnologia a nascer, outros a tecnologia viu nascer.
A Revenge of the 90’s também é isto. Mistura, diversidade. E, por isso mesmo, explosiva. Todas estas forças bem conjugadas, como são, trazem com elas a capacidade de chegar a muitos milhares (e as marcas adoram, claro). E, mais do que chegar, dar-lhes o mesmo que me deu a mim: a oportunidade de viver uma experiência que mudou um bocadinho da minha vida para melhor (mais um docinho para as marcas…).
Costumo dizer que todos merecem ter, pelo menos, uma “Revenge” no currículo, tal é a energia positiva com que esta festa nos inunda e brinda.
E a cereja no topo do bolo? É que viagem ainda agora começou.