Abusos sexuais na Igreja. Idade da primeira agressão entre 2 e 17 anos e mais de 290 testemunhos

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[Fotografia: Juan Pablo Arenas/Pexels]

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais Contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa já validou, em três meses, mais de 290 testemunhos de agressões exercidas sobre menores. Estes são os dados que ressaltam dos primeiros três meses de avaliação daquela entidade coordenada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht e que estão a ser apresentados nesta manhã de terça-feira, 12 de abril, em conferência de imprensa.

De entre as denúncias recolhidas e validadas “individualmente, em articulação com o Ministério Público”, existem mais casos de homens do que de mulheres e que as idades de abuso vão dos 2 aos 17 anos.

Entre a tipologia de agressão estão casos como exibição, manipulação, penetração, recolha de imagens do corpo, mensagens de cariz sexual e linguagem obscena. Existem relatos oriundos de todas as regiões do país, de todas as faixas etárias contempladas nesta análise – entre 1934 e 2009 – e de todos os níveis académicos.

Segundo afirma Pedro Strech na conferência, citado pelos media, na existem “múltiplos casos de abusos de crianças”, essencialmente entregues ao cuidado de elementos masculinos e femininos. Os abusos deram-se em situações como catequese, escuteiros e, entre outros, grupos de jovens.

O pedopsiquiatra refere ainda que estão a ser feitos “contactos diretos com associações que podem ter dados sobre o tema”, bem como estão a ser analisados caos que tenham sido notícia entre 1950 e a atualidade.

Recorde-se que, logo no primeiro mês de atividade, a Comissão Independente criada em janeiro declarou ter recebido 214 testemunhos de vítimas, com idades que variam entre os 15 e os 88 anos.

Até ao final do ano, comissão pretende recolher testemunhos e denúncias de pessoas que tenham sofrido abusos na infância e adolescência, até aos 18 anos. No final dos seus trabalhos, a comissão vai elaborar um relatório, a ser entregue à Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decidirá que ações tomar.