O Porto recebe, em junho, a primeira Unidade de Intervenção Alimentar da Criança para ajudar as famílias com crianças a comer saudável e travar as birras à mesa daqueles que não querem legumes e frutas, anunciou hoje fonte oficial.
A Unidade de Intervenção Alimentar da Criança (UnIAC) é colocada em marcha em junho por iniciativa das faculdades de Ciências da Nutrição e da Alimentação (FCNAUP), Psicologia e Ciências da Educação e a de Medicina da Universidade do Porto, bem como do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, avançou à agência Lusa o diretor da FCNAUP, Pedro Moreira.
A criação da UnIAC, que vai ser anunciada publicamente na terça-feira, 29 de maio, no âmbito da celebração do 42.º aniversário da FCNAUP, tem o objetivo aproveitar a investigação que a Universidade do Porto faz no domínio da nutrição e alimentação e trabalhar em conjunto com as várias faculdades da Universidade do Porto para ajudar as famílias a comer saudável e a prevenir a obesidade infantil e outras doenças, explicou Pedro Moreira.
Prevenir a obesidade e promover a alimentação saudável são dois dos objetivos deste plano
Dar sopa com palhinha a crianças avessas a legumes pode ajudar a travar conflitos entre pais e filhos às refeições e é para aprender a comer saudável que a especialistas do Porto decidiram avançar com a UnIAC.
Na galeria acima, reveja alguns mitos da alimentação em família que devem cair por terra. O intuito é melhorar a vida e saúde de todos à mesa
“Hoje em dia, a nossa sociedade é muito hedónica, temos a ideia que tem que dar prazer, mas a solução da palhinha é um belo exemplo para mostrar que não é tanto a questão do prazer, é mais a questão da motivação para o comer. De facto, a palhinha é um método” fácil para pôr uma criança a comer mais saudável sem travar guerras, porque muitas vezes a refeição é um “fator de grande stresse entre o casal”, explica Pedro Moreira, um dos impulsionadores da criação da unidade no Porto.
Consultas vão custar 30 euros
O “recurso à recompensa” em dar um doce em troca de comer a sopa é um erro apontado por aquele especialista em nutrição, alertando que depois é “muito difícil sair dessa armadilha” de comer saudável com “contratos de recompensa” com sobremesas doces.
As marcações de consultas de nutrição e psicologia devem ser feitas por telefone ou ‘e-mail‘ para a Faculdade de Nutrição e Psicologia, e os dias disponíveis são às segundas-feiras, das 09:30 às 16:00 horas, e aos sábados das 09:00 às 13:00 horas, explicou Sandra Torres, a psicóloga que integra o projeto universitário da UnIAC, referindo que preço das consultas é 30 euros.
“Prevemos com cada caso haver uma avaliação inicial que é feita conjuntamente pelo psicólogo e pelo nutricionista (…) e é partir daqui é que será depois elaborado o plano de intervenção e será programada o tipo de estratégias que vão ser conduzidas”, explicou Sandra Torres.
Nutricionistas querem pôr a alimentação sustentável nas salas de aulas
A psicóloga considera que “há muito trabalho a fazer com os pais, porque na faixa etária das crianças entre os dois e cinco anos quem “toma as grandes decisões” são dos progenitores.
“Aumentar o tempo de exposição de alimentos saudáveis e brincar com eles é um caminho a percorrer nas consultas, disse, explicando que no contexto de intervenção e de consulta vai haver um “supermercado montado” com os produtos alimentares mais desejáveis, onde se vai pôr a criança a brincar e a simular escolhas, com o objetivo de no futuro resultar numa escolha melhor da comida”.
A UnIAC pretende ser “uma resposta” para que um conjunto de profissionais de saúde junto das famílias e das crianças possam trabalhar “colaborativamente com o objetivo de promover um estilo de alimentação saudável da criança“, explicou Pedro Moreira.
“Prevemos com cada caso haver uma avaliação inicial que é feita conjuntamente pelo psicólogo e pelo nutricionista (…) e é partir daqui é que será depois elaborado o plano de intervenção e será programada o tipo de estratégias que vão ser conduzidas”, explicou Sandra Torres.
As consultas com as crianças são uma forma de chegar aos pais também, porque “tem de haver exemplos em casa e uma unidade de discurso na família coerente”, resume Pedro Moreira.
As consultas “inovadoras pelo espírito colaborativo entre nutricionistas, pediatras e psicólogos”, vão ter “normas” e “ferramentas” devidamente adaptadas e validades como por exemplo pelo Geração XXI, “um projeto de investigação da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto que tem estudado 8647 crianças, e que concluiu, por exemplo, que as crianças portuguesas preferem doces aos legumes, referiu Pedro Moreira.
CB com Lusa
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