Adeus cabaré, olá sala de espetáculos. Lido, em Paris, vai reabrir com “nova linha artística”

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[Fotografia:Christophe ARCHAMBAULT / AFP]

O famoso cabaré Lido, um dos símbolos da vida noturna de Paris, vai passar a ser uma sala de espetáculos, depois de dez anos a acumular prejuízos na ordem dos 80 milhões de euros, anunciaram os novos proprietários.

Fundado em 1946, logo após a Segunda Guerra Mundial, o Lido foi, juntamente com o Moulin Rouge e o Crazy Horse, um dos grandes cabarés da capital. O seu último espetáculo, Paris Merveilles, estreou em 2015.

O fim do mítico cabaré do número 116 dos Champs-Élysées aponta também para uma mudança profunda no modelo do setor turístico tradicional parisiense, onde as tradicionais ‘boîtes’ de revista parecem cada vez mais ultrapassadas e fora do gosto das novas gerações. “É uma pena, porque a alma da noite parisiense está a morrer e é uma catástrofe”, lamentou David Zenouda, presidente da associação do setor UMIH Nuit Paris ao canal BFM-TV.

A Accor comprou a empresa proprietária do Lido em dezembro passado, depois de esta ter recebido 700 mil euros do Estado durante a pandemia no âmbito do auxílio público a empresas encerradas por causa dos confinamentos, revelou a BFM-TV.

O novo proprietário do cabaré, o grupo hoteleiro francês Accor, anunciou na quinta-feira, em comunicado, que o projeto será desenvolvido nos próximos meses e significará a eliminação de 157 dos atuais 184 postos de trabalho nas instalações. “O Lido tem desde há dez anos uma deterioração da sua atratividade e uma diminuição contínua do seu público“, é referido na nota, acrescentando que “o modelo jantar-espetáculo já não encontra público“.

Os prejuízos acumulados na última década ascendem a 80 milhões de euros, uma situação agravada pelas greves e encerramentos forçados pela pandemia, acrescenta o comunicado.

Segundo os novos donos, o espaço irá procurar “conquistar novos públicos graças a uma nova linha artística ambiciosa” para tentar devolvê-lo “ao seu lugar no quadro cultural parisiense, nacional e internacional”.

com Lusa