Afegã de 106 anos em risco de ser deportada da Suécia

Muçulmanas

Uma mulher afegã, com 106 anos, que fez uma viagem perigosa para a Europa, transportada pelo filho e neto, por montanhas, desertos e florestas, enfrenta a deportação da Suécia, depois de o seu pedido de asilo ter sido rejeitado.

Bibihal Uzbeki tem um grau elevado de invalidez e mal pode falar. A sua família recorreu da decisão.

 

Imagem do artigo do ‘The Guardian’, com fotografia da idosa, partilhada num grupo público do Facebook contra a deportação dos refugiados afegãos.

A sua viagem fez manchetes em 2015, quando integrou o imenso fluxo de pessoas que veio para a Europa, proveniente da Síria, do Afeganistão, do Iraque e de outros países. Esta massa humana viajou a pé ou em comboios, através dos Balcãs, antes de finalmente chegarem à Suécia.

Atualmente, Bibihal Uzbeki e os 11 membros da sua família vivem na pequena cidade de Hova, no centro do país.

A sua carta de rejeição chegou durante o Ramadão. Apesar de a família ter evitado transmitir-lhe a má notícia, o constante sofrimento profundo dos seus netos levantou-lhe suspeitas.

“As minhas irmãs estão a chorar”, explicou Mohammed Uzbeki, de 22 anos. “A minha avó perguntou: ‘Estão a chorar porquê?'”

A família esclareceu que depois de ela ter percebido que o seu pedido de asilo tinha sido recusado, a sua saúde começou a deteriorar-se e sofreu um debilitador ataque de coração.

A Agência de Migrações da Suécia confirmou à AP que “tinha sido tomada uma decisão de expulsão no caso”, acrescentando que, “falando de forma geral, a idade elevada não garante, por si, a concessão de asilo”.

As pessoas cujas candidaturas são rejeitadas podem fazer até três apelos, um processo que pode demorar muito tempo.

As candidaturas de outros membros da família estão em vários estados de apreciação.

A família sente que a situação difícil dos afegãos está a ser ignorada pelas autoridades suecas. Muitos países na Europa estão a negar asilo a afegãos provenientes de partes do país consideradas seguras.

“O raciocínio da agência de migração é o de que a situação ainda não é suficientemente insegura no Afeganistão”, afirmou Sanna Vestin, a diretora da Rede Sueca de Grupos de Apoio a Refugiados. Mas, contrapôs, muitas das cidades citadas como seguras não o são.

Antes da sua viagem para a Suécia, a família viveu ilegalmente no Irão durante oito anos. Saíram do Afeganistão devido à guerra e insegurança, mas Mohammed Uzbeki afirmou que era difícil à família provar que enfrentavam um inimigo específico se regressassem.

“Se eu soubesse quem era o inimigo, tê-los-ia evitado”, disse, citando o grupo que se designa por Estado Islâmico, os talibãs e os bombistas suicidas como possíveis perigos.

Na casa de Uzbeki, a nora de Bibihal ajeita-lhe o véu, de forma carinhosa, enquanto Mohammed Uzbeki as observa.

“Ela continua a não poder falar como deve ser e tem alucinações”, lamenta. “Ela diz que eles vêm matar-nos e que temos de fugir”.