No primeiro ano de faculdade, Custódia Gallego percebeu que gostava de teatro e trocou a Medicina pelo Conservatório quando viu que era impossível conjugar os dois cursos. Hoje, aos 58 anos, é uma das atrizes mais respeitadas do país e não se arrepende da mudança apesar da instabilidade da profissão. O único arrependimento que guarda é o de ter aceitado alguns trabalhos por medo de não voltar a ser convidada para outros projetos.
No Dia Mundial do Teatro, que se comemora esta segunda-feira, fomos falar com a atriz sobre a carreira, os novos projetos, a ficção nacional portuguesa, as dificuldades que teve em conjugar o trabalho com a educação dos filhos e o medo da velhice, que a leva a fazer vários tratamentos de rejuvenescimento.
A partir de quinta-feira, dia 31, pode deixar que Custódia Gallego entre pela sua casa através da série da RTP Vidago Palace e entre 27 de abril e 28 de maio pode ir vê-la ao Teatro da Comuna, na peça Henrique IV.
Já na universidade decidiu trocar o curso de Medicina pelo Conservatório de Teatro. O que a levou a fazer esta mudança? Foi nessa altura que sentiu o “clique” que a chamava para a representação?
Não, nunca senti essa coisa do clique. Está relacionado com as circunstâncias da vida, tal como tudo o que fazemos. No primeiro ano do curso de Medicina reparei que a associação de estudantes não tinha um grupo de teatro e quis criar um. Fui ao Conservatório ver quem podia dirigir um grupo de alunos de Medicina. A certa altura comecei a ir ao Conservatório almoçar muitas vezes, era muito mais divertido. No final desse ano, quando abriram os exames, concorri e fui selecionada. No início ainda tentei fazer o Conservatório e o curso de Medicina ao mesmo tempo, mas depois tive de optar. Acabei o Conservatório mas Medicina não.
Como reagiram os seus pais?
Mal. Só lhes contei que era atriz quando terminei o Conservatório. Viram de repente a filha, que ia ser médica, ser atriz, que na altura, além de toda a instabilidade, era uma profissão mal vista moralmente. Mas com o tempo acabaram por aceitar, foram-se tranquilizando. Na representação é tudo efémero, esquecem-nos rapidamente. Ou então gostam tanto da qualidade do nosso trabalho que, em todas as altura que precisam de alguém com aquela qualidade, lá nos chamarão.
Em alguma altura da sua vida se arrependeu de ter trocado a Medicina pelo Conservatório?
Não. Mas ainda hoje me arrependo de aceitar muita coisa. Nesta profissão, os convites surgem numa determinada altura e podem não surgir mais, ou seja, propõem-me uma personagem fantástica, mas se não aceitar porque nesse momento tenho muitas outras coisas em mãos e vai ser um gasto de energia muito grande, podem não surgir mais convites desse lado. Não posso dizer: “Espera aí, essa peça agora não porque estou a fazer isto em televisão. Só daqui a dois meses é que posso fazer.” Não é assim que as coisas acontecem. Ou digo que sim naquela altura porque é uma coisa que gostava muito de fazer ou muito provavelmente nunca a vou conseguir fazer. Essa tendência para dizer que sim às coisas de que gosto permanece depois de tantos anos, apesar de saber que se fizer muitas coisas ao mesmo tempo nem sempre consigo manter a qualidade que queria. Ainda não consigo fazer essas escolhas com liberdade.
Mas já é uma das atrizes mais respeitadas do país…
Lá está. Neste momento já trabalhei com tantas produtoras e já fiz tanta coisa que tenho quase a certeza absoluta que as pessoas quando me contratam sabem porquê, não é porque se lembraram. Também pode ser porque se lembraram, a minha tendência é achar que não, mas também não sei, isso não é totalmente seguro. Como eu há muitas mais, não somos únicas.
Então ainda não se sente naquele patamar em que pode escolher só os trabalhos que quer mesmo fazer?
Estou quase. Já disse não algumas vezes, aumentei um bocadinho a capacidade de não ter medo de que não me contratem a seguir só porque disse que não.
O seu apelido é Gallego. Tem família espanhola?
Toda a parte da minha mãe é espanhola.
Passou lá grande parte da infância?
Nós vivíamos em Portalegre. Fiz os dois ou três primeiros anos de escolaridade em Beja, mas depois foi sempre em Portalegre, e os três meses de férias de verão eram sempre passados com a minha avó, em Espanha. O lazer em Espanha era completamente diferente daquilo a que estava acostumada, íamos praticamente todos os fins de semana a casa da minha avó, que era em Oliva de la Frontera, entre Cáceres e Badajoz. Era uma aldeia fantástica. Para uma criança, pré-adolescente ou adolescente como fui era maravilhoso. Picávamos aqui e ali e passeávamos enquanto falávamos com as pessoas de quem gostávamos. Em Almodôvar, a aldeia do meu pai no Alentejo, tinha hábitos parecidos. As crianças brincavam na rua, as portas das casas estavam sempre abertas e passávamos da casa de uns vizinhos para os outros. A relação emocional com a minha família espanhola também era muito grande, nem sei explicar bem. A família da parte do meu pai era muito grande, mas o relacionamento era mais formal, não havia tanto toque, tanta familiaridade. Provavelmente também porque uns eram portugueses do baixo Alentejo e outros [família materna] eram espanhóis da Andaluzia.
Não costuma ir lá com tanta frequência?
Não porque já não os tenho. Ainda está lá a casa, por razões emocionais a minha mãe não tem muita vontade de a vender e também não quero que ela venda porque tenho a fantasia de um dia conseguir ter dinheiro para a manter e transformá-la numa casa de férias, de descanso. Diz-me muito, tenho muita ligação com aquela casa.
Em termos de personalidade, tem alguma coisa de espanhola?
Tenho. O ser positiva. Sou ansiosa e lá em casa dizem que sou fatalista porque sempre que há um problema eu generalizo, mas por outro lado sou festiva a tentar resolver as coisas. Como é que dói menos? É encarando as coisas de forma festiva.
Na semana passada tivemos uma declaração polémica de Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo. Disse que os países do sul da Europa gastam o dinheiro em copos e mulheres. Nós somos assim?
É o paternalismo que o resto da Europa desenvolvida tem em relação ao sul, consideram-nos inconsistentes pela facilidade com que nos entregamos aos prazeres sem pensar em mais nada. Os espanhóis entregam-se aos prazeres porque têm memória desses prazeres e querem-nos outra vez. Enquanto os portugueses querem ter prazer para esquecer os problemas. Essa imagem dos copos e das mulheres é a parte degradante da festa, os prazeres baixinhos, para os pobres.
A Custódia já fez um pouco de tudo. Televisão, teatro e cinema. O que é que mais gosta de fazer?
Gosto de fazer bons trabalhos. Não gosto de fazer só uma coisa durante muito tempo, mas tenho tido muita sorte em relação a isso. Não consigo escolher uma das técnicas, não sei de qual gosto mais, depende do tipo de trabalho que é.
O que é para si um bom trabalho?
Ter uma perspetiva de criatividade boa e grande. Os textos de teatro, por exemplo, já estão todos escritos, aquilo só nos conta uma história com aquelas pessoas que têm aquele tipo de comportamento, mas pode estar escrito de forma a envolver mais pessoas, a poder-se inventar muito. E eu gosto de ver até onde consigo criar.
Costuma propor alterações nos textos das suas personagens?
Trabalho com esse caminho, vou criando. Nos ensaios vamos acrescentando coisas que achamos serem boas, de acordo com o encenador e as contracenas dos outros colegas. Em televisão isso tem de ser um bocadinho mais rápido. Temos de pensar antes, com aquilo que está escrito, e todos os dias ir recriando aquela personagem, aquela pessoa, e ir vivenciando aquilo. É um bocadinho como no Totobola. Mesmo que considere que aquele trabalho é o melhor para mim e vou ter prazer em fazê-lo isso pode não acontecer, por várias razões. O encenador pode ter uma ideia muito própria e não nos deixar fazer grande coisa. Em televisão levo os textos todos para estudar em casa, separo-os todos pelas cenas do dia seguinte – que podem não fazer todas parte do mesmo episódio. Tenho de fazer o meu trabalho prévio também nesse percurso da personagem. Se cada ator fizer esse trabalho bem feito, todas as alterações que surgirem no estudo, na maior parte das vezes, são perfeitamente aceites pelo resto das pessoas com quem se trabalha porque fazem sentido. Se não fizerem sentido também provavelmente há alguém que nos diga que não estamos bem assim.
Há pouco disse que não gosta daqueles trabalhos que se prolongam durante muito tempo. Atualmente temos telenovelas que se prolongam durante dois ou três anos, sendo até divididas por várias temporadas. Como vê esta nova forma de fazer televisão?
Em termos de trabalho é bom porque prolonga esse trabalho. Temos um contrato com um determinado tempo de duração e, se a personagem acabar, têm 15 dias para nos avisar que vai acabar. É bom vermos prolongado um contrato que pensávamos que ia ser só de um ano. Do ponto de vista da empresa, quando prolongam, deduzo que seja porque o produto está a dar e querem ganhar o máximo de dinheiro possível, caso contrário não faria sentido prolongarem. Tenho a fantasia – e digo fantasia porque às vezes é difícil – de que está na nossa mão, os ditos criativos, fazer o melhor possível. Se um determinado papel se arrasta temos de tentar fazer com que para nós não se arraste, temos de revigorar. Até podemos ser nós a propor coisas e provavelmente quem está a trabalhar connosco agradece isso. Nós também podemos dar ideias. Portanto isto é bom e é mau, como tudo na vida.
Costuma ver as novelas que estão no ar?
Costumo ver por curiosidade, para saber o que se está a fazer e o que os meus colegas estão a fazer, tal como vou ao teatro e ao cinema. São conteúdos que fazem parte da minha produção portanto, para além do lado recreativo que têm, tenho de saber o que se está a fazer para, no futuro, quando tiver de fazer uma escolha, saber para quem quero trabalhar. No cinema, por exemplo, não há hipótese de escolha porque quase não há cinema em Portugal. É sim todos os dias.
Das novelas que estão no ar, há alguma que destaque?
Tenho andando a ver as séries novas da RTP. Apesar de não ter visto um episódio inteiro, adorei a série Filha da Lei em termos de realização, faz uma diferença muito grande em relação às outras. Vou entrar numa que vai estrear, a Vidago Palace. Não fui à apresentação porque estou a ensaiar uma peça, mas vi algumas imagens na altura, que o realizador me mostrou, e tem imagens muito bonitas. Aquela zona do país [norte de Portugal] é lindíssima.
Que personagem interpreta em Vidago Palace?
É a Cremilde Perliquitetes, uma personagem dupla que faço com a Maria Henrique. Estamos sempre as duas juntas, tive um gozo tremendo. São duas manas, duas solteironas de alta sociedade que estavam habituadas a ir passar férias ao Vidago Palace Hotel. Perderam o dinheiro, mas querem continuar a fazer parte da alta sociedade. Depois há os novos ricos a quem elas têm de agradar porque são eles que têm o dinheiro e não a nobreza. Vão dando valor às pessoas conforme as informações que vão tendo. São cuscas e vendem a sua presença na tentativa de arranjarem um marido que lhes mantenha a vida.
Deu-lhe muito gozo fazer esta personagem.
Sim. Nós não representávamos sozinhas. Tínhamos a nossa individualidade naquela dupla, mas estávamos sempre juntas. Foi engraçado, como se fosse um personagem duplo.
Isso foi difícil de conjugar?
Não porque eu e a Maria somos muito generosas e foi um gozo contracenarmos uma com a outra. Quando há essa confiança ficamos com muito mais liberdade para desenvolver o lado criativo porque sabemos que o outro vai responder. É estimulante para as duas.
Com que atores portugueses mais gosta de trabalhar?
Com os que têm mesmo formação. Tendo formação têm ferramentas, que são essenciais para fazer um bom trabalho. Há muitos colegas que têm ferramentas mas não as sabem usar bem, provavelmente gosto menos de contracenar com eles. Depois há ainda outros que têm menos ou nenhuma formação – normalmente são os mais novos –, mas são tão ávidos de conhecimento durante o trabalho que se torna fácil passar os ensinamentos na contracena e é bom contracenar com eles. Tenho muitos amigos que são também meus colegas. Comecei a gostar deles no trabalho e depois quis conhecê-los pessoalmente para ver se gostava de os ter como amigos.
E a Custódia, apesar de todos os anos de experiência, continua a investir na formação?
Nós alguma vez podemos parar de aprender? Comecei a trabalhar com o Palco 13, a Mala Voadora e o Teatro Elétrico, que eram grupos que fui acompanhando desde o início e cuja opção artística me agradava. Creio que foi em 2012 que comecei a trabalhar com o Palco 13 e ainda hoje digo que estou a fazer um workshop com essa gente, não só porque são novos na execução das suas ferramentas – e eu sou velha na execução das minhas – mas também porque trazem propostas novas, pontos de vista novos que estimulam a minha criatividade noutras linhas que já estavam um bocadinho guardadas.
Houve alguma personagem que a tenha obrigado a frequentar um ambiente que lhe fosse estranho para a interiorizar melhor?
Quando fiz de bipolar fui a muitas reuniões de bipolares e falei com doentes. Apercebermo-nos de que há gente a sofrer tanto é difícil.
De todos os projetos em que já participou, qual guarda com mais carinho?
Não consigo responder a essa pergunta. É sempre o trabalho que estou a fazer no momento.
Mas a personagem Gi, da novela Laços de Sangue, da SIC, foi uma das mais mediáticas, por exemplo.
Lá está, outra dupla. Essa dupla tinha cenas individuais, cada um tinha a sua vida, mas eu e o João Ricardo quando entravamos no estúdio e estávamos mais livres das roupas e da maquilhagem passávamos o texto, como passo sempre com todos, e durante esse processo, como aquelas personagens viviam muito daquilo que já tínhamos criado, nós improvisávamos à volta do nosso bater de texto. Trabalhámos muito e muito bem juntos porque essas personagens podiam ser muito perigosas na palhaçada. Tinham de ser consistentes, verdadeiras para as pessoas acreditarem nelas, caso contrário não seguem a história nem sequer lhe acham graça. Gostei de fazer esse trabalho como gostei de fazer tudo o resto. Essa dupla teve um mediatismo grande. Por um lado não queria estar durante tanto tempo associada à personagem, mas isso também era bom porque as pessoas diziam-me que tinham saudades da Gi, que lhes fazia rir. De repente sentimo-nos muito úteis. Há dias em que pensamos: “Mas o que estou a fazer nesta vida? Entreter as pessoas? Há pessoas que estudam para melhorar a saúde dos humanos, outros educam as crianças para serem bons adultos. O que ando eu aqui a fazer. Entreter?” Nestas coisinhas passa a fazer um bocadinho de sentido.
Há alguma situação engraçada que tenha vivido com o público?
No outro dia, num parque de estacionamento, não tinha moedas e não sabia o que fazer. Um senhor disse para me ir embora, pagava ele pela quantidade de vezes que já o tinha feito chorar e rir. Isto é maravilhoso, sentimos que afinal servimos para alguma coisa.
Interpretou uma personagem lésbica em As Lágrimas Amargas de Petra von Kant. Foi difícil?
Cada personagem tem uma dificuldade. Essa dificuldade que me está a sugerir que eventualmente possa ter tido está relacionada com o moralismo da coisa, mas esse texto fui eu que propus. Quando propomos um texto a um grupo de atrizes, a um encenador, a um iluminador e a um figurinista, sabemos que essas pessoas querem fazer esse trabalho connosco. Esse moralismo fica completamente diluído, a dificuldade vem da construção da personagem, do espetáculo, e não propriamente do conteúdo. Em televisão é mais difícil porque o colega com quem contracenamos pode vir nesse dia, sem haver ligação ou trabalho prévio.
Como reagem os seus filhos e marido às cenas ousadas?
Os meus filhos já nasceram comigo atriz e o mais velho viveu muitos anos no teatro. Até ele ter 10 ou 12 anos eu não tinha muitas possibilidades de ter alguém a cuidar dele. Portanto, nessa altura, ele ia à escola, fazia a vida dele, mas depois tinha de vir comigo. Dormiu muitas vezes na plateia, assistiu e ajudou em muitos ensaios. Eles já estão todos muito acostumados a isso. Na escola primária ou secundária, quando os meus filhos ainda não eram adultos nem tinham as suas próprias opiniões, talvez tenham sido estimulados negativamente pelos outros putos que acreditam que aquela pessoa é aquela e não a mãe do outro. Esse medo de que aquela fosse a mãe deles e não aquela que estava em casa sempre esteve diluído, ou pelo menos nunca me passaram esse problema.
O seu marido também lida bem com isso?
Sim, é o meu trabalho. A minha emoção de companheira, de mulher, de mãe dos filhos dele é para ele. As outras são outras. Mas ele sempre me viu assim. Nós conhecemo-nos no início da faculdade, até participou na minha decisão de ir ou não para o Conservatório.
Então também teve influência na sua decisão de estudar teatro e Medicina em simultâneo?
Participou q.b. porque éramos muito novos, não é como agora. Mas sim, fazia pelo menos parte dos amigos a quem perguntava se achavam que fazia bem ou não.
O que lhe disse o seu marido na altura da mudança?
Sempre disse para ir em frente, se era mesmo aquilo que queria.
Em algum momento da sua carreira teve dificuldade em conjugar o trabalho com a educação dos filhos?
Sim. Houve uma altura em que tive de parar e perguntar: “Bem, no fundo até estou mais tempo com os meus filhos do que as pessoas que trabalham das 9h00 às 17h00.” Havia semanas em que só os deitava, mas noutras também estava com eles à tarde quando saíam da escola. Com o meu segundo filho, lembro-me de estar a fazer uma série e ainda estar a amamentar. Como o estúdio era em Alcântara e a minha sogra vivia ali na Lapa deixava o miúdo com ela e, quando tinha um bocadinho, ia lá dar de mamar. É difícil, há sempre aquela sensação de que não estive tempo suficiente com eles, mas na educação não se pode voltar atrás, não é como quando compramos um carro e podemos trocar porque não estamos satisfeitos. O que me conforta é que pensei neles na altura em que devia ter pensado primeiro neles. Depois pensei em mim e na minha felicidade para poder ser feliz com eles. Foi um jogo e espero que eles achem que fui uma boa mãe.
Foi notícia várias vezes por fazer tratamentos de rejuvenescimento. A velhice preocupa-a?
Preocupa-me no sentido de tirar capacidades de trabalho e de vivência. Os tratamentos de rejuvenescimento que fiz não foram agressivos, não foram as facas nem o botox, caso contrário não me conseguia mexer bem. Mas faço tudo o que houver por aí para prolongar as capacidades do meu corpo. As massagens para alimentar a pele – se é que alimentam alguma coisa – de fora para dentro e exercício físico para os meus músculos se manterem tonificados. O objetivo é manter o máximo tempo possível as minhas capacidades normais para a minha idade. Não me interessa nada tirar rugas para fazer personagens de 40 anos. Quero fazer as personagens da minha idade, mas quero fazê-las com facilidade, não quero andar aí a arrastar-me.
Com que frequência pratica exercício físico?
Idealmente, três vezes por semana. Quando estou a trabalhar não consigo tantas vezes, mas tenho de fazer sempre. Quando estou em espetáculos uso o tempo em que estou a aquecer, depois de me maquilhar e pentear, antes de ir para o palco.
O que costuma fazer? Frequenta algum ginásio ou treina na rua?
Vou para o ginásio. Gosto de aulas, tenho um ginásio fantástico, que é o Clube VII, e tem um espaço maravilhoso. É um dos ginásios em que, enquanto estamos a fazer máquinas – que é o que gosto menos porque estou sozinha e há sempre tendência para não excedermos as nossas capacidades – vemos árvores.
Fotografias de Leonardo Negrão