Aldeia chinesa enriquece com “barrigas de aluguer”

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O negócio das “barrigas de aluguer” é desde há uma década uma importante fonte de receitas para a aldeia chinesa de Qili, na província de Hubei, China, apesar de a gestação de substituição estar proibida no país.

Em Qili, um casal infértil pode alugar o ventre de uma mulher por preços que variam entre 150.000 e 250.000 yuan (entre 19 mil e 33 mil euros), um valor quinze vezes superior ao rendimento médio anual no interior de Hubei – 11.844 yuan (1.550 euros), segundo uma reportagem difundida pela estação de televisão Shandong TV.

O negócio floresce na aldeia desde há uma década, apesar de ser ilegal na China.
Penas leves, altos lucros e um aumento da taxa de infertilidade no país – de três por cento, há 20 anos, para quase 15%, atualmente – têm levado ao crescimento exponencial do uso de barrigas de aluguer, indica a reportagem.

No Baidu, o principal motor de busca chinês, uma simples pesquisa pelas palavras-chave “barriga de aluguer” permite encontrar centenas de agências.

Muitas mulheres estão dispostas a correr riscos, alugando o ventre em idades já avançadas ou acedendo a engravidar logo após dar à luz.

Num caso, uma família foi indemnizada em “dezenas de milhares de yuan”, depois de a sua filha ter morrido durante a gravidez.

O negócio gera também abusos contra as mulheres de Qili, que são enviadas para Wuhan, a capital de Hubei, ou para a província de Cantão ou Xangai, onde ficam trancadas em casas disponibilizadas pelos intermediários, até que o bebé nasça.

Em fevereiro passado, o porta-voz da Comissão Nacional da Saúde e Planeamento Familiar da China, Mao Qunan, afirmou que a gestação de substituição é um “tema complexo”, que envolve questões legais, éticas e sociais, e que a comissão continuará a punir.

Apesar de a China ter já mais residentes em áreas urbanas do que rurais, a família continua a ser fundamental na sociedade chinesa, com o casamento e ter filhos a constituírem quase um dever.